Crítica: A Favorita


Se há uma coisa que pode ser dita sobre A Favorita, é que esse é o filme favorito do Oscar esse ano.

Dirigido por Yorgos Lanthimos, mesmo diretor O Lagosta, A Favorita nos mostra como Sarah Churchill, Duquesa de Marlborough, exerce sua influência sob a corte da Rainha Ana, sendo conselheira, confidente e amante. Posto esse que é ameaçado com a chegada de Abigail, que logo se torna muito próxima de Ana.

É esse trio de mulheres que fazem com que o filme funcione. Sarah, Abigail e Ana, interpretadas por Rachel Weisz, Emma Stone e Olivia Colman, criam uma interação única em uma espécie de jogo de xadrez: cada uma faz uma jogada no seu tempo de cena. As atuações são dignas de terem sido indicadas nas categorias de Melhor Atriz, para Olivia, e Melhor Atriz Coadjuvante, para Raquel e Emma, apesar de Emma Stone ficar um tanto apagada aqui.

Se tratando de uma produção de época, é de se imaginar que seja apresentado aquilo que de fato ocorreu, de maneira série e direta, mas não é nisso que o roteiro de Tony McNamara e Deborah Davis se concentra. A seriedade está presente, é claro, mas misturada em humor em uma sátira sobre a realeza. A balburdia envolvendo corridas com animais dentro de salões do castelo toma conta de algumas cenas, coisa que não se imagina que aconteça.

Há quem diga que que o filme não represente a realidade de maneira correta, mas também não há como negar que alguns pontos importantes da vida da Rainha Ana foram abordados, resultando em momentos em que os olhos enchem de água.

Ainda sobre o roteiro, a história é contada de maneira linear, sendo dividida em capítulos. Grande parte deles apresenta uma dinâmica interessante entre Sarah e Abigail, mostrando a ganância e o desejo de poder de cada uma, mais para o final essa dinâmica se perde o filme parece se concentrar em Ana e em como ela se sente em relação à sua confidente e amante Sarah.

Falando da fotografia e juntando com a direção de arte e figurino, outras categorias em que o filme está indicado, é tudo muito bem cuidado. As locações para as filmagens foram muito bem escolhidas, assim como os cenários foram bem construídos. As roupas representam a realeza como ela é: luxuosa e exuberante, além de mostrarem perfeitamente o papel de cada um no castelo, dos criados à rainha. A iluminação fica por conta da luz que entra pelas janelas e, a noite, pelas velas, o que contribui para a criação de sombras e o surgimento de um contraste natural. Fato interessante, mas que não parece fazer muito sentido dentro do longa, é a utilização de lentes grande angulares (olho de peixe) em momentos casuais.

No geral, dá para entender o porquê de A Favorita receber tantas indicações ao Oscar desse ano. Além das citadas acima, vale evidenciar também Melhor Edição, Melhor Diretor e Melhor Roteiro Original. 


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