Olá, caros leitores! Eu sou a Thai e venho até vocês contar as minhas impressões sobre o mais novo filme da DC: Shazam! Gostaria de começar dizendo que esse post contém spoilers, então caso você não tenha visto o filme ainda e não quer saber o que acontece clique AQUI e leia a nossa crítica do filme sem spoilers.
Apesar das boas críticas desse filme, eu não pretendia ir assistir nos cinemas. Mas aí pensei melhor, chamei meu irmão e lá fomos nós com boas expectativas. Imaginava que seria legal? Sim, com certeza. Contudo, eu não imaginaria, nem em sonhos, que esse se tornaria um dos meus filmes favoritos de super-heróis de todos os tempos: é raro sair do cinema extasiado de tão incrível que foram aqueles momentos olhando para a tela.
Introdução
O filme começa nos apresentando uma criança chamada Thad. Ele está dentro de um carro brincando com um objeto, uma bola que responde perguntas quando você sacode ela. Seu pai começa a brigar com ele por conta disso e pede para que guarde o brinquedo, e seu irmão mais velho começa a debochar e quebra essa bola mágica. Thad fica triste e irritado e seu pai diz que ele tem que virar um homem e enfrentar as coisas. Naquele momento, eu senti pena do garoto e a dor dele por estar sendo tratado daquele jeito pela própria família.
Então uma coisa acontece e de repente ele aparece em uma gruta estranha. Um velho aparece e diz que pode oferecer a ele poderes mágicos, mas apenas se ele for puro e digno. A criança fica fascinada por isso, porém acaba sendo tentada por uma outra fonte de poder que está na sala. Então vozes começam a sussurrar na cabeça dele, são os sete pecados capitais. E o mago, vendo que a criança estava fascinada demais pelo outro poder o mandou de volta para o carro e disse que ele não era digno. Nessa sala, eu fiquei até com pena do garoto porque achei ele muito jovem para ouvir tanta coisa ruim sobre si mesmo e na mesma noite. E quando ele volta para a nossa realidade, para dentro do carro com o pai brigando com ele, Thad só quer sair dali e ir atrás daquele poder, começa a gritar e faz com que aconteça um acidente.
Eu achei muito interessante essa cena inicial porque em pouco tempo de filme nós vemos muita coisa acontecendo e isso explica o restante da história. Essa criança, cujo nome completo é Thaddeus Sivana cresce ressentido com isso, pelas constantes humilhações e por acharem que ele não é bom o suficiente, e ele quer a todo custo voltar para aquele lugar, reencontrar o mago e conseguir o poder para se vingar, mostrar a todos que ele é alguém e que é capaz. Ele fica obcecado por isso e passa décadas nisso. O que achei bacana também é que a gente não sabe a princípio que aquela criança é o vilão do filme e que aquelas cenas iniciais se passaram a tanto tempo atrás. Isso vai sendo explicado conforme uma pesquisa sobre Histeria Coletiva vai avançando, já que ele é o principal investidor. Essa histeria nada mais é do que estudos sobre pessoas que dizem ter visto um mago em um lugar estranho e que ele lhes prometeu poderes, porém todas elas falharam nesse teste porque segundo o mago não eram puras.
O que é uma coisa também que achei bem exigente, quem é realmente puro de alma? Mas entendo o mago, afinal, no passado, ele concedeu poderes para a pessoa errada e essa pessoa trouxe o caos e desordem. Só que assim, precisava mesmo ser tão rígido? Falar daquele jeito com as pessoas, como se elas não fossem nada? Ele é o mago Djimon Hounsou, o último de sua linhagem e sua missão é proteger o mundo de forças sombrias.
Tanto é que o Thaddeus finalmente retorna para aquele lugar e desdenha do mago, depois de tanto tempo, ele conseguiu provar que era capaz e que não era um louco que teve alucinações na infância. O mago, claro, não quis dar seu poder a ele, então Thaddeus ouviu mais uma vez os sete pecados capitais e os libertou, conseguindo poderes através deles.
É aí que o mago se dá conta de que não tem mais tempo, procurou por vários anos e não achou ninguém. Isso porque ele está velho e enfraquecido, precisa passar os poderes para que outra pessoa consiga defender a terra de vilões - no caso esses 7 pecados capitais, que são criaturas horríveis que saem destruindo tudo o que veem pela frente.
Nesse meio tempo nós conhecemos Billy Batson, um adolescente de 14 anos que já fugiu de mais lares adotivos do que tudo. Quando ele tinha 3 anos, Billy se perdeu da mãe em um parque porque soltou a mão dela para ir procurar um brinquedo que ela havia dado a ele minutos antes. Acabou que a polícia encontrou o garoto e ficaram esperando alguém entrar em contato, mas como ninguém foi buscá-lo, acabou parando em um lar de adoção.
Ali eu já saquei que a mãe havia abandonado o garoto: quem perde o filho e não vai atrás dele? Mas Billy acredita que houve um mal entendido, que talvez seja até culpa dele por ter soltado a mão dela e não desiste de tentar ir atrás. Em certos momentos, essa obsessão em ir atrás da mãe fez com que ele agisse como um babaca. Em outros, se torna hilário.
Depois de fugir mais uma vez, ele acaba sendo adotado por um casal fantástico, o Victor e a Rosa Vásquez. Eles também já foram órfãos e fugiram várias vezes, então são super compreensivos com ele e tentam dar um espaço. Esse casal adotou vários outros filhos e somos apresentados a eles:
- Darla: a caçula que fala demais, ama abraços e considera todos eles família e irmãos de verdade apesar de todos terem sido adotados;
- Mary: a mais velha e responsável, está quase com um pé na faculdade, mas preocupada porque se for aprovada vai ter que ficar longe da família;
- Freddy Freeman: meu personagem favorito de todo o filme. É um super nerd que coleciona vários quadrinhos, fala bastante coisa aleatória e tem problemas para andar, tendo que se apoiar em uma amuleta;
- Eugene: o garoto inteligente, quase certinho e gamer do grupo. Além de ser viciado em jogos, também é ótimo em usar a internet e hackear coisas;
- Pedro: é o mais tímido da família e não fala muito. O fato dele ser assim também causou várias risadas, porque ao invés de falar ele acenava a cabeça e era muito engraçado.
Por falta de opção, o mago acaba escolhendo o Billy para ser o seu campeão e transfere seus poderes a ele. E é claro que isso deu muito ruim. Billy conhece sua família nova, está totalmente irritado por mais uma vez falhar na busca incansável por sua mãe biológica, ser obrigado a conviver com novas pessoas que nem o conhecem mas que ficam falando que ele é da família e ainda por cima ganhando poderes, tudo isso no mesmo dia. E o Freddy faz de tudo para se aproximar do garoto, um novo irmão para ele chamar de amigo. E o Billy lá, agindo como um babaca que não se importa com ninguém.
Mas a amizade entre os dois acabou surgindo e isso me deixou tão contente. Billy não queria aceitar aquela família, em uma das cenas ele quase deixa o Freddy apanhar de valentões. Mas alguma coisa nele fazia com que se redimisse e aí ele voltava - o que fez com que eu quase o perdoasse pelas coisas ruins e insensíveis que ele dizia. E eu tentei entender: cara, é um adolescente de 14 anos. Não é um homem adulto formado como o Superman, é um garoto no corpo de um homem. E o ator Zachary Levi foi fantástico nesse papel justamente pelo carisma e por retratar a criança que estava ali dentro, sabe? Porque com esses novos poderes, quando o Billy fala SHAZAM! se transforma em um super-herói de verdade. Imagina se o adolescente falasse Shazam! e do nada aparece um cara sério, super adulto, cheio de maturidade? Não ia nem fazer sentido. E é justamente isso que torna o filme coerente porque tem até aquela cena que o Billy pede ajuda ao Freddy, para ver o que eles podem fazer agora que ele tem a aparência de um adulto. E aí eles vão lá comprar cerveja, bebem e não gostam, acham o gosto ruim e decidem encher as mãos de doces e salgadinhos mesmo.
E eles vão pegando vários objetos e lotam o quarto de videogames. O que é errado, porque né, meio que foi roubo, mas acho que até ali eles não tinham muito essa noção, sabe? Tanto que quando o Billy/Shazam vai tentar salvar as pessoas de um ônibus que tá caindo - e que por sinal foi ele que fez o ônibus quase cair- o garoto entra em pânico. Ele não consegue pensar no que fazer, entra em desespero e pega a primeira coisa que encontra: um colchão. E estende o colchão no chão como se as pessoas fossem simplesmente pular de um ônibus pendurado numa ponte, cair exatamente no colchão e não se machucarem kkkk. Mas no final deu tudo certo, o ônibus caiu e ele conseguiu segurar e ficou até surpreso com isso. Ficou todo empolgado, gritando: "eu consigo segurar um ônibus com as minhas mãos!".
E no Facebook eu vi pessoas reclamando sobre isso: que o Shazam era muito imaturo e irresponsável, que passou o filme todo brincando. Volto a repetir: é um adolescente de 14 anos. O que adolescentes fazem? Fazem merda. Não pensam tanto nas responsabilidades e consequências de seus atos. Tanto que a minha cena favorita é justamente sobre o fato de que o Shazam mesmo quando adulto deixa transparecer o jovem que ele é: o cara está dançando numa praça apontando o dedo pra cima para fazer sair raios. Por que ele está fazendo isso? Para que as pessoas tirem fotos, filmem, peçam autógrafos e deixem dinheiro pra ele. Nesse momento eu não conseguia mais parar de rir, porque eu pensava comigo mesma: como um cara tão poderoso desperdiça os poderes dançando numa praça? Ah é, ele tem 14 anos. O que você faria se tivesse 14 anos?
E o Freddy é uma comédia, não fica sendo só um ajudante secundário sabe? Ele está sempre ali na trama e as cenas dele são bem legais. Se ele não tá falando algo engraçado, tá dando um esporro no Billy e esses discursos dele são fodas, porque, por alguns momentos, ele acaba sendo o cérebro da dupla.
- Cara, você vai ficar tirando fotos e assinando autógrafos o dia todo? Você não vai ajudar a salvar pessoas?
- Eu sou seu irmão, você não vai me ajudar na escola?
E é isso que eles se tornam: melhores amigos e irmãos, mesmo que adotivos. E brigam um com o outro, se implicam, brincam e se divertem juntos. É uma relação bem fraternal. E apesar de ter mais maturidade, o Freddy também é um jovem. Ele fica testando para ver quais poderes o Shazam tem e filmando pra postar no YouTube. Tem uma hora que eles estão cansados, ficam olhando pra cidade e pensam:
- Bom, já fizemos nossa parte hoje e estamos com sono. Já está tarde, os bandidos devem estar dormindo. Vamos voltar para a nossa beliche.
Tipo assim, os bandidos se recolhem durante a noite? Mas não é justamente durante a noite que aprontam? Cara, a sala inteirinha deu risadas, vibrou o tempo inteiro e o filme foi muito aplaudido no final. Eu fui com boas expectativas, mas não esperava que fosse me surpreender tanto assim. Se tornou um dos meus filmes favoritos em questão de duas horas.
E o vilão ta ali, matando pessoas e querendo os poderes do Billy, querendo saber quem é o portador de tantos poderes. O perigo é real e uma criança consegue lidar com tudo isso? Billy foge da luta em alguns momentos. Ele está como Shazam tirando fotos e de repente leva uma surra desse cara estranho. Pra mim, esse foi o momento onde finalmente caiu a ficha pra ele: com grandes poderes, vem grandes responsabilidades. Você não vai sair chorando se um vilão apareceu. DÃÃR, você é o herói e você tem poderes, lute.
Billy até que no final amadurece bastante. Ainda era o mesmo brincalhão de sempre? Sim. Fazia piadas e brincadeiras? O tempo todo. Mas uma frase até me marcou:
"Do que adianta você ser um super-herói e salvar as pessoas se você não consegue salvar nem a sua família?".
Ou seja, o que adianta ele ter ganho todos aqueles poderes se ele morre de medo daquele vilão, não consegue lutar e controlar todos os poderes nem defender as pessoas que ele foi se aproximando tanto durante o filme, aquelas crianças que ele passaria a chamar de irmãos e considerar família?
E uma coisa que eu amei foi que em um certo momento, lutando contra o vilão + os sete pecados capitais ele percebeu que não precisava lutar sozinho. O mago era o último de sua linhagem, mas havia outros tronos vazios. Então ele pegou o cajado que o mago usou para transferir os poderes para ele, chamou seus irmãos e deu poderes a todos eles. A família Shazam foi uma grande surpresa para os fãs e mal posso esperar para ver o próximo filme e como vai ser essa dinâmica. Principalmente porque, como todo mundo ali é criança, mesmo em momentos sérios eles falam coisas muito aleatórias e engraçadas.
Teve um deles que, enquanto lutava, até parou por alguns segundos de lutar porque disse que estava emocionado, era o primeiro vilão da vida dele e aquele momento era para se guardar na memória.
O filme é excelente, fala muito sobre família, e não apenas aquela biológica, e sim aquela onde existe amor. Recomendo muito.
Postar um comentário