Conheci o Vitor Martins através dos vídeos de bullet journal que ele tem no Youtube, pouco depois descobri que ele era escritor e pus o seu primeiro livro, 15 Dias, na minha lista de desejados porque achei que seria legal apoiar um autor nacional que eu já acompanhava. E porque quem é que recusa um romance YA, né? Esse contexto só pra dizer que comecei a ler o livro numa tarde preguiçosa de domingo despretensiosamente e não demorei dois capítulos pra me apaixonar.
O livro é sobre Felipe, um menino gordo que está muito ansioso para passar as férias de junho maratonando séries em seu quarto. Mas aí ele descobre que sua mãe se ofereceu pra hospedar seu vizinho gatinho em quem ele tem um crush por quinze dias das férias enquanto os pais dele viajam. É uma histórinha de amor, e logo de cara você se pega shippando os dois. Mas, mais que isso, é um livro sobre aceitação, é sobre se conhecer, se redescobrir e aprender a se amar enquanto se ama outro alguém.
Seu segundo livro, Um Milhão de Finais Felizes, eu terminei de ler faz pouquíssimo tempo. Com esse, a expectativa já estava maior, tanto porque amei o primeiro, quanto por tantos elogios que ouvi sobre ele. E não só elogiaram tipo “esse livro é muito legal, você vai gostar”, foi mais tipo “esse é o melhor livro do mundo, você precisa ler agora” então eu fui obrigada a comprar e eu tenho que dizer que:
Esse livro é o melhor do mundo, você precisa ler agora!
Dessa vez, é sobre Jonas, e novamente temos como base uma história de amor entre ele e outro menino. O problema dessa vez é que a família dele é extremamente evangélica e ele foi criado para acreditar que os gays vão queimar no inferno. As consequências práticas e emocionais disso vão se desenvolvendo ao longo do romance. Então, esse segundo livro é sobre aceitação também, mas principalmente sobre família. Todos os tipos de família.
Um bônus de Um Milhão de Finais Felizes é a edição. Sem spoillers por aqui, mas cada detalhe da capa faz referência a um momento do livro e é magico prestar atenção nela depois de ler e compreender de onde veio cada pedacinho.
O que mais me fascina na escrita do Vitor Martins é o quanto ela é fácil, gostosa e envolvente. Os narradores personagens são reais e honestos, eles narram suas histórias sem adornos, como se não houvessem segredos entre eles e o leitor. Isso te imerge na história e é por isso que você começa a ler e não quer nunca mais soltar.
Os personagens são bem desenvolvidos, são reais e palpáveis. É fácil de identificá-los com amigos, familiares, conhecidos e, principalmente, nós mesmos, com vários reflexos de nossas inseguranças e ambições. Não digo só os principais, os coadjuvantes são tão profundos quanto. E em ambos os livros a gente conversa sobre como amizades importam, como inspiram e como elas nos mantém sãos.
Os cenários também são próximos. Ambas as histórias se passam em São Paulo, mas, mesmo que você nunca tenha estado lá, as situações são rotineiras: É a amiga que se mudou pra cidade pra fazer faculdade, o menino que mora no condomínio com piscina, o personagem que mora longe e não pode ficar no role até tarde, a tarde no cinema do shopping, a fome de podrão, a festa junina da praça com carro de som…
E a representatividade! Vitor Martins é um autor gay que escreve personagens gays. Mas não só. Nós temos mulheres e negros e asiáticos, porque, primeiro, é importante, mas principalmente porque a gente tende a se unir à quem é mais parecido com a gente, e na adolescência qualquer fio de cabelo fora do padrão já faz da gente esquisito, né? Quem dirá ser gay, negro, gordo, asiático e mulher.
Tanto 15 Dias quanto Um Milhão de Finais Felizes estão super recomendados. Os assuntos abordados não são leves nem simples, mas são tratados com a devida importância e uma sensibilidade que só o Vitor tem ao escrever.
Terminei ambos com a sensação de um abraço quentinho no coração.
Escreve mt essa menina Clarinha
ResponderExcluir