Nesta semana, tivemos as semifinais do Circuito Desafiante de League of Legends, liga disputada por seis times cujos dois vencedores terão a oportunidade de jogar no CBLol, a principal competição brasileira do jogo, que dá entrada para o Mundial.
O evento foi oferecido pela BBL Esportes em parceria com a Riot Games Brasil, o que nos apresentou um ambiente descontraído e receptivo. Fomos recebidos por pessoas gentis e preocupadas em fazer tudo dar certo e oferecer a melhor experiência que podiam - e eles conseguiram.
Team oNe e RED Canids Kalunga foram os protagonistas do primeiro dia de competição, e os golden boys saíram com uma vitória de três a um. Ambas as equipes contavam com o retorno de jogadores antigos e já conhecidos pelo público, como o Absolut dentro da Team oNe e YoDa pela RED.
"Toda a nossa preparação hoje é voltada para a gente subir para jogar no CBLol", disse Kakavel, da Team oNe, em entrevista para a Jovem Geek quando questionado a que se deve a vitória do time. “No Brasil hoje não tem mais bobo” complementa o jogador 4LaN, com um sorriso no rosto, ainda extasiado pela vitória. “Eu acho que qualquer time hoje que focar, tiver preparação e trabalho duro, pode ganhar. Em 2017, na semifinal do CBlol eu mesmo achei que a gente ia perder, porque era a RED né, era uns caras tops e eu? Eu era só o 4LaN. E quando a gente ganhou, eu vi que tudo é possível.”
O jogador Takeshi, mais sério que seu colega, mantém os pés no chão e diz para a Revista que apesar de terem ganho o jogo, ainda existe muito trabalho pela frente: “Estar no Circuitão significa que você tem que se reinventar, você não pode ser o jogador que era lá atrás, porque se você veio parar na série B de League of Legends é porque estava fazendo alguma coisa errada.”
Em entrevista coletiva, a RED se pronunciou a respeito de sua derrota, onde o jogador YoDa – famoso streamer que saiu das competições em 2017 – comentou sobre sua experiência como pró player e seu possível futuro retornando ao competitivo: “Minha experiência não serviu muito hoje, tive que aprender a jogar LoL de novo, me readaptar a um novo time, a um novo jogo. Então se eu continuar jogando, já avisei que vai ser pra ficar na RED, vai ser só com esse mesmo time, esses mesmos meninos, não quero ir pra outro time.”
Esse ano a equipe contava com mais jogadores, tendo praticamente um reserva por posição e YoDa completa dizendo que isso foi algo bom, trazendo uma diversidade muito grande e suprindo muito bem alguns problemas internos. “Ter o Avenger me ajudou muito porque eu estava voltando agora pro competitivo, mas é preciso desenvolver melhor os jogadores, o desempenho.”
Apesar do resultado, todos estavam dispostos a conversar com a impressa e dar seu parecer. Respondendo à pergunta do público, Revolta – famoso jogador do cenário – diz que ter deixado a campeã Rek’Sai disponível, sabendo que 4LaN do time adversário jogava muito bem com ela, não foi um dos pontos que definiram a derrota da RED. “Deixar a Rek’Sai aberto não foi tão impactante assim, o time como um todo foi superior ao nosso, o jogo foi definido pelo estado do time, e não pelos picks, qualquer outro personagem poderia ter ganho.”
Já no segundo dia de competição, a renomada PaiN enfrentava o novato Falkol. Vindo já em uma ótima fase, o time da PaiN Gaming não encontrou maiores dificuldades em vencer seu adversário, fechando as semifinais com um placar de três a zero.
O representante da Falkol, Jukaah, garantiu à Jovem Geek que a pressão de jogar contra um time famoso e para qual todos torciam não atrapalhou: "Nós temos uma equipe de psicólogos e desde que a gente se classificou, a gente já tinha noção de que a PaiN ia vir em peso em torcida [...] nisso os psicólogos fizeram um trabalho excelente pra gente ter um foco muito bom e saber lidar com a pressão. Na verdade, a gente não ouviu a torcida da PaiN hoje, só a nossa."
A nossa equipe foi atrás para conversar com os vencedores da noite, muito animados e ansiosos por caírem contra a Team oNe nas finais. Minerva, que saiu em 2018 da ProGaming e entrou como o novo caçador da PaiN, conta que lidar com a pressão é algo que se aprende, com ajuda de toda a equipe por trás dos jogadores. "Hoje estamos com um treinamento técnico muito bom, então estou conseguindo trabalhar todos os meus pontos negativos e positivos.” Minerva também é um jogador que, mesmo satisfeito com a vitória, mantém os pés no chão e tenta ser realista: “A final do Circuitão não é bem onde a PaiN merece estar, mas enxergo isso como mais um passo que eu preciso dar para chegar ao meu objetivo, que é a final do CBLol."
Seu colega de equipe, Tinowns, mesmo cansado após jogo, completou: “Essa é a pressão que a gente sempre tem por carregar a camisa da PaiN. Tem que lidar com isso da melhor forma possível. E a confiança que temos vem da semana de treinamento, de todo o preparo que trouxemos hoje” ele responde, quando questionado pela nossa equipe se apenas a fama do time é o suficiente para mexer com a confiança deles. Sobre como é estar na final do Circuito, Tin concorda com Minerva: “A sensação é boa, mas esse é só o primeiro passo, o segundo é ganhar a final e o terceiro é o ganhar o CBLol, e o nosso objetivo no final do ano é ir para o Mundial.”
Nossa equipe também conversou com Djoko, coach da PaiN Gaming que nos apresentou o pensamento de todo o time no momento em que entraram em campo contra o dragão azul: “No primeiro jogo, o time favorito não ganhou e isso deixou uma sombra no favoritismo e fez com que a Falkol entrasse com o pensamento de ‘se a Team oNe conseguiu ganhar do favorito, a gente também consegue’ e eles estavam realmente muito motivados. E por mais que soubéssemos disso, minha preparação com os meninos foi ‘façam os objetivos, façam os objetivos que vocês tem pra sua função, se são os favoritos ou não isso não importa, deixa isso para os outros olharem’, e é isso que precisamos para a engrenagem rodar e isso eles conseguiram cumprir com primazia”.
Ele ainda contou para nós um pouco sobre o seu trabalho com um dos times mais queridos do Brasil: “Eu sempre preferi trabalhar o individual, eu venho do background de pró player e eu sempre tive como virtude o conhecimento do jogo, call, rotação etc., então eu tenho muito pra passar no individual. Claro que são jogadores experientes e muitas vezes eu nem preciso falar nada. O coletivo também é trabalhado, mas de forma um pouco diferente, eu tento unir o grupo com um objetivo só, estabelecer direitinho qual a função de cada um em cada momento e ter uma unidade de grupo junto com toda a equipe por trás.”
Djoko também possui um canal no YouTube onde ele ensina sobre League of Legends com um toque descontraído e divertido, pois, segundo ele, as pessoas tem mais facilidade em aprender dessa maneira. “Muita gente que está no competitivo hoje, não gosta de dividir conhecimento porque veem isso como perder o posto. [...] Precisa ter mais opções pra ajudar, opções mais rentáveis com diversão, mas as pessoas não querem dividir o conhecimento porque acham que é concorrência.” O coach mantém seu canal no YouTube não como sustento, mas sim porque gosta do que faz e porque tem um ótimo impacto nos espectadores. Ele próprio diz que assiste a seus vídeos com um olhar de jogador, para conseguir sentir se o conteúdo está passado corretamente e de maneira descontraída.
Sobre a disseminação de um conteúdo de qualidade, educativo e descontraído, Djoko diz que a comunidade brasileira ainda é muito fechada, com medo de perder público, de ganharem concorrência e saírem perdendo com essa divisão de conhecimento. “Os coachs brasileiros estão começando a se unir, a fazer isso agora, mas ainda alguns querem permanecer de fora” ele continua, e chegamos à conclusão que somente quando as pessoas deixarem a rivalidade e o egoísmo de lado, é que o cenário brasileiro de e-Sports irá evoluir.
Muito legal ver um pouco dos bastidores, mais matérias assim se puderem!
ResponderExcluirMuito obrigada, vamos trazer entrevistas sempre que possível :D
ResponderExcluirFique atento que estaremos na final!