A importância dos fandoms



No dia do orgulho nerd, o Clube do Livro (que acontece uma vez por mês na saraiva do shopping Rio Sul, no Rio de Janeiro) falou sobre fandoms. Então, em primeiro lugar, o que faz de nós fãs? É a dedicação, a admiração, a paixão? 

Existe uma diferença muito grande entre fã e consumidor, que foi algo exposto com muita clareza no Clube: enquanto o consumidor se limita a pagar por um serviço, o fã, além do dinheiro, fornece tempo e, o mais importante, divulgação. A mediadora do clube, a Frini, usou um conceito mencionado em um livro chamado Super Fandom, da Zoe Fraade-Blenar e Aaron M. Glazer, que é a evangelização. Consiste justamente nessa nossa necessidade de ter com quem conversar sobre tal livro, tal série, tal filme, de recomendar pros nossos amigos, de espalhar pelo mundo todo pra que a obra tenha o reconhecimento que a gente acredita que a história mereça. Isso pras produtoras e editoras é incrível, lógico, mas a gente faz por nós, porque fomos movidos de alguma forma e é importante pra gente passar essa palavra a diante. 

É aí que se forma uma comunidade dedicada a transformar a obra num organismo vivo. Isso é muito perceptível nos potterheads, por exemplo, que se mobilizam para classificar sozinhos o que é cannon ou não. Ou o fandom de Supernatural que tem uma conexão incrível com movimentos para ajudar com doenças mentais. Fora os milhares de artistas que se descobriram artistas através de fanfics, fanarts ou fanvideos, que, por sinal, são o melhor serviço da comunidade, o único lugar possível pra escapar durante o hiatus de uma série ou depois do fim de uma saga. Aliás, os fandoms revelam muito mais que gostos artísticos, eles revelam coisas sobre nós mesmos que não sabíamos, como orientação sexual e posicionamento político, e nos fornecem um lugar seguro cheio de amizades fortes, que ás vezes são mais apoio e amor do que muitas famílias de sangue por aí. 

As obras que a gente lê, assiste ou joga tem a habilidade de mexer com as nossas emoções. Pode ser de um jeito bom e te deixar com o coração quentinho, de um jeito ruim e te fazer chorar, pode te incomodar porque te mostra uma parte de você que você não gosta, mas também pode te ajudar a mudar. É por isso que quando encontramos alguém que também experimentou aquela história a gente se empolga e quer conversar, quer saber o que mais a pessoa tem lido e do que mais ela gosta porque é tendência do ser humano buscar conexões.

Ser fã é aquela energia que percorre teu corpo quando teu casal preferido dá o primeiro beijo, é a gritaria que preencheu o cinema na primeira cena de Avengers: End Game, são os aplausos que soaram no final de HP e as Relíquias de Morte parte 2 como agradecimento, são aquelas pessoas loucas chorando na fila da Bienal antes de encontrar com seus autores preferidos. É emocionante, é forte e não faz o menor sentido pra que não está no meio. Então ainda bem que estamos no meio.

A próxima edição desse Clube do Livro vai acontecer dia 29 de junho, na sariava do shopping Rio Sul, no Rio de Janeiro, às 15h. Todo mundo é bem-vindo!

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