Resenha: Duma Key

Sou fã daquelas histórias de terror psicológico, nada contra as de serial killer, mas minha praia são os monstros, os espíritos sem luz, aquela apreensão que fica de assistir o próximo minuto ou de ler o próximo capítulo. Aquela sensação de que podia ser com qualquer um de nós.

E isso, Stephen King sempre apresentou com primazia. Conhecido como mestre do terror, sua maior qualidade é a de criar personagens profundos, tridimensionais e humanos. Você quase sente como se eles fossem reais, como se fossem pessoas próximas a você. Isso faz toda diferença, pois é quando você está apegado e completamente envolvido que o horror começa.



É isso que acontece em Duma Key, 2008. Aqui, a história é sobre Edgar Freemantle, um ex-empreiteiro que após um grave acidente, que levou seu braço direito, causou danos neurológicos permanentes e quase custou sua vida, decide por se aposentar e tirar umas férias em algum lugar paradisíaco. Não somente por isso: sua esposa pediu o divórcio e suas duas filhas, já crescidas, estudam longe de casa.

É aí que ele acaba descobrindo a isolada praia de Duma Key, na Flórida, e decide ser um ótimo lugar para ajudar na sua recuperação. Como parte da sua terapia, Edgar começa a desenhar e, mais tarde, a pintar quadros. Durante esse processo, ele acaba descobrindo um talento impressionante que ele nunca soube que possuía.

Suas obras são assombrosas, mas magníficas, o que faz com que ele ganhe uma exposição numa galeria de arte, sendo alvo da mídia local como um novo artista em ascensão.

O livro tem um desenvolvimento devagar, mais da metade é voltada para a recuperação de Edgar, sua adaptação na nova vida, suas novas amizades e seu novo talento. Mas isso nem de longe torna a história maçante; tudo isso nos leva a aprofundar nossos laços de identificação, não apenas com o personagem principal, mas com todos os secundários que o rodeia. Fora que o sobrenatural está sempre em cena, como um personagem oculto, à espreita de sua grande cena.

E é justamente quando ele vem à tona que o autor começa o efeito que vem planejando desde o começo: nós ficamos aflitos e torcemos pelos personagens, temendo virar a próxima página.

Muitas pinturas de Edgar foram feitas num estado de transe, como se ele não tivesse controle sobre o próprio corpo. Nestes momentos, o braço perdido entra em cena, de forma sobrenatural, e toma conta do serviço, desenhando segredos do passado e cenas do futuro, como uma premonição.

Este livro é um divisor de águas. Você pode achá-lo com muita informação desnecessária e repetitiva e que poderia ter algumas páginas a menos; ou pode ser que tudo isso tenha feito você mergulhar de cabeça, deixando-o preso de tal forma que não se cansou da leitura. Como foi o meu caso, mas eu concordo que o livro acaba sendo um novelão. Minhas partes prediletas ficaram todas da metade em diante.

Duma Key certamente é para quem já está acostumado com a maneira de Stephen King de conduzir as coisas; se essa é a sua primeira visita ao autor e está procurando um bom livro de terror, pode se decepcionar um pouco, pois na maior parte da história, o livro é apenas “estranho” mesmo, fora o ritmo mais lento que essa obra toma para desenvolver todos os detalhes presentes.

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