Black
Mirror sempre retratou a relação da humanidade com um mundo futurista,
na maioria das vezes até beirando o utópico ou o apocalíptico. Seus episódios são
recheados de suspense e genialidade, cada história explorando temas sobre
tecnologia, rodeados de paranoias. É indiscutível quando falamos que a
tecnologia transformou muitos, se não todos, os aspectos de nossa vida: é só
dar uma olhada ao nosso redor, dentro da nossa casa, no nosso trabalho, na
nossa bolsa. Se hoje em dia é tão fácil termos acesso a um monitor, o que não
faríamos se esse acesso já estivesse em nossos corpos, podendo ser usada com
apenas um piscar de olhos, literalmente?
A quinta e
nova temporada estreou com três episódios, conquistando mais espaço na cultura
pop graças a esse ar nada glamouroso sobre a tecnologia. No primeiro episódio, acompanhamos
dois amigos de faculdade que acabam se reencontrando anos após terem terminado
o curso graças a um novo lançamento de seu jogo predileto, dessa vez em
realidade virtual. O segundo retrata um caso policial, onde um motorista particular
trabalhando através de um aplicativo sequestra um funcionário de uma empresa famosa
nas redes sociais, criando uma crise internacional onde ele tinha apenas um
desejo – falar com o dono da empresa. Já o terceiro é sem dúvida o mais famoso
por trazer a celebridade Miley Cyrus; o episódio entra no mundo da música, retratando
o quão descartável é um ídolo pop e o quanto sua vida deixou de ser algo
particular. A atriz retrata uma versão de sua personagem Hanna Montana como uma
robô de uma adolescente obcecada.
Depois que
a Netflix experimentou filmar em São Paulo na série Sense8, a cidade retorna
aos palcos no primeiro episódio dessa nova temporada de Black Mirror.
A plataforma solicitou 19 locações que iam desde
a Avenida Paulista até a região de Alphaville. O episódio inteiro foi gravado em terras paulistas.
O problema de Black Mirror é que as pessoas ainda estão olhando como se fosse apenas mais uma série sobre revolução tecnológica, quando na verdade retrata cada vez mais as relações humanas. Se você não sente um soco no estômago quando assiste, provavelmente está assistindo errado - ou pensando errado. Mesmo que seja preciso colocar os pés quando se trata das tecnologias apresentadas na série, elas instigam discussões importantes sobre nossa realidade. Será que chegaremos numa época onde o mundo virtual será tão imersível que não saberemos distingui-lo da vida real?
As histórias mostram o quanto o ser humano pode ser controverso quando sua imagem está em jogo. É uma série que, mesmo tendo algumas barrigas, sem sombra de dúvida atrai olhares e prende atenções, se não em todos os episódios, pelo menos na maioria.
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