Mês do Orgulho Nerd: X-Men


Sabemos que o Universo Marvel é muito diverso e possui uma dinâmica rica devido aos vários núcleos que foram criados, gradativamente, ao longo dos anos, porém, arrisco dizer, que a saga dos mutantes, mais conhecidas como os X-Men, pode ser aquela que tenha marcado mais diferentemente as pessoas, principalmente por sua carga nostálgica.
Seja por seu conceito de criação, dentro de um cenário de disputas por direitos sociais (algo não tão reconhecido na época do lançamento, mas admirado anos depois), ou por toda uma geração que foi marcada pelo desenho animado que passava religiosamente no horário de almoço, os mutantes marcaram as pessoas. 
Mesmo a linha cronológica extremamente confusa dos filmes não nos fez gostar menos deles, mas muito pelo contrário, acho difícil alguém que não associe Hugh Jackman à imagem do Wolverine ou Ian McKellen à do Magneto e que não elogie a performance deles ao longo dessa trajetória. Independentemente da arte a qual alguém teve acesso a essas histórias, o fato é: os extraordinários mutantes, com sua jornada de amadurecimento e fortalecimento (sem contar os figurinos e as aparências extravagantes), deixa todo nerd com um sentimento de carinho guardado no peito. Por isso, essa matéria é mais uma dedicada ao Mês do Orgulho Nerd e iremos homenagear mais um universo tão querido por essa comunidade: Os X-Men.

Início

Foi na agitada década de 60 que a equipe surgiu. No ano de 1963, em sua própria revista, os X-Men, criados por Stan Lee e Jack Kirby, começaram a circular entre as pessoas.

Na formação original dos X-Men, contávamos com: Garota Marvel (Jean Grey), uma prodigiosa telepata e telecinética que mais tarde se revelaria muito poderosa; Ciclope (Scott Summers), inconfundível pelo uso de óculos de quartzo para conter os raios oculares e líder da equipe; Homem de Gelo (Bobby Drake), um nome sugestivo para seus poderes e o mais novo da equipe; Fera (Hank Mc Coy), mais velho e mais inteligente do grupo e possui uma aparência animalesca a qual confere habilidades sobre-humanas e Anjo (Warren Worthington III), um jovem rico que podia voar com suas asas similares aos anjos idealizados. Todos eles viviam na mansão do misterioso Charles Xavier, um poderoso telepata que tinha a figura de mentor dos jovens. Havia também os antagonistas, que eram comandados pelo Magneto, um mutante com poderes de manipular materiais metálicos.

Capa da Primeira Edição de X-Men
Diante do cenário de luta pelos Direitos Civis, que tomou conta dos anos 60, havia  intensos movimentos sociais para acabar com a segregação racial. Pela censura que rolava nas mídias, os adolescentes mutantes seriam a representação ideal para aqueles que sofriam com a segregação: pessoas que eram desprezadas pela sociedade por algo que herdaram em sua genética e, portanto, não poderiam mudar e deveriam ser respeitados. O Professor Xavier era uma representação direta de Martin Luther King, que possuía uma visão mais pacifica de mudança, enfatizando a convivência igual e harmônica entre brancos e negros. Já Magneto era a figura de Malcom X, outro importante líder que tinha uma visão mais radical e com uma abordagem mais violenta.

Além dessa questão, os mutantes, como um grupo de jovens diferentes, possuíam também a abordagem de temas e problemas relacionados ao período de puberdade, sendo a descoberta e controle de seus poderes uma analogia aos hormônios que provocam modificações no corpo humano.

Infelizmente, mesmo com todo seu conceito promissor, a revista era considerada o núcleo mais fraco da Marvel pela baixa venda que possuía. Por esse motivo, teve sua veiculação encerrada em 1970.

Reformulação e os Novos X-men

Em 1975, após 5 anos do cancelamento e apenas exibindo histórias passadas, Stan Lee ainda conseguia enxergar o potencial dos X-men e, por isso, decidiu reformular a equipe para relançá-los. Para esse feito, contou com o trabalho de idealizadores talentosos como Len Wein, Dave Crockum, John Byrne e, especialmente, o roteirista Chris Claremont

Nessa nova fase, os criadores tinham a intenção de internacionalizar a equipe, recrutando mutantes de diversas nacionalidades. Somos apresentados a novos personagens que se tornaram muito conhecidos, como: Tempestade (Queniana), Wolverine (Canadense), Noturno (Alemão) e Colossus (Russo). 

Primeira Capa do Retorno dos X-Men
A nova fase dos mutantes, agora com maior amadurecimento dos personagens e do estilo dos realizadores, garantiu o grande sucesso deles com o público e resultou em incríveis arcos como A Fênix Negra e Dias de um Futuro Esquecido. Entre esses anos, são introduzidos na história personagens famosos como Lince Negra, Vampira, Mística e Avalanche

Desenhos Animados

Após a aparição da equipe na TV em outros desenhos animados do mundo Marvel. Em 1992, lançada pelo Canal Fox Kids, foi ao ar a primeira série animada dos X-Men, intitulada X-Men: The Animated Series. Os mutantes que apareciam na trama eram Ciclope, Tempestade, Vampira, Jean Grey, Fera, Wolverine, Gambit, Jubilee e Professor Xavier. A série contou com 5 temporadas e 76 episódios até sua exibição acabar. Essa migração para a TV fez com que nascesse uma nova geração de admiradores da equipe e os transformou em um dos núcleos mais populares de toda Marvel. O show apresentava história semelhantes as que eram trabalhadas nos quadrinhos até então.



Em 2000, a parceria entre Marvel Comics e a Disney foi responsável pela criação da série animada X-Men: Evolution. O show apresentou 5 temporadas e se prolongou até 2003. O programa criou uma opinião mista no público, pois não havia uma fidelidade da reformulação dos personagens, contudo, ao longo dos anos conquistou as pessoas, sendo assistida e prestigiada até os dias de hoje. Parte do seu sucesso se deve a abordagem mais juvenil dos mutantes que dividem sua vida entre serem pessoas poderosas em treinamento no 'Instituto Xavier para Jovens Mutantes' e a vida no Ensino Médio, lidando mais diretamente e de forma mais explorada a fase de puberdade deles.


Em 2008, também houve outra série animada produzida pela Marvel Studios intitulada como Wolverine and The X-men. Possui uma menor quantidade de fãs em comparação com as outras, mas teve sua importância e apresentou uma reformulação muito boa dos desenhos dos personagens. Teve apenas uma temporada com 26 episódios.




Cinema

A grande estreia da equipe de mutantes nas telonas dos cinemas ocorreu no ano de 2000, sob a direção de Bryan Singer, que trouxe o filme intitulado simplesmente como X-Men. O primeiro filme nos informa o que vai ocorrer no decorrer de quase toda formulação cinematográfica da equipe: o protagonismo de Wolverine. Talvez pela tendência misteriosa e anti-heroica do personagem e pela caracterização impecável de Hugh Jackman, Wolverine é realmente um expoente e os três primeiros filmes giram em torno dele, que passa a conhecer e a se familiarizar com a equipe comandada por Charles Xavier.

Ian Mckellen e Patrick Stewart conseguem passar, em cena, o grande conflito ideológico que o Professor X e Magneto carregam durante anos nas histórias em quadrinho. Importantes temas como dificuldade de aceitação e a segregação sofrida pelos mutantes são presentes e intensos no arco vivido por Anna Paquin, como a mutante Vampira.
Os três primeiros filmes, lançados entre 2000 e 2006, apresentam uma trilogia cronológica e terminam no arco da Fênix Negra - infelizmente, não tão bem realizado quanto o esperado. A estética empregada nos filmes dá um tom obscuro e mantém todo o conceito de mistério a respeito da capacidade e habilidade mutante. Os uniformes são pretos e não apresentam um apelo chamativo, o que constrói uma espécie de realismo maior, dando uma carga bem orgânica para o filme. Além de não decepcionar com as cenas de luta.

X-men (2000)

X2 (2003)

X-Men: O Confronto Final (2006)
Wolverine, como esperado, era o queridinho do público e dos produtores, o que lhe rendeu filmes solos. O primeiro foi em 2009 e explorou as origens do personagem (menção vergonhosa: apresentação daquele terrível Deadpool do Ryan Reynolds, que mais tarde também foi reformulado pelo próprio ator).


Após esse longa, a cronologia de X-Men no cinema começou a desenvolver a característica que mais marcou ela ao longo dos anos: Confusão Cronológica. Os roteiristas não conseguiram chegar a um consenso no que resultou em vários furos de roteiro que foram carregados até o mais recente filme.


Em 2011, o filme X-Men: First Class foi lançado com a intenção de mostrar a origem do Magneto e do Professor Xavier e como eles construíram seus ideais e conflitos, mostrando até a origem da condição física de Charles. Os mutantes se inovaram nessa fase, pois agora a estética do filme passou ser muito mais colorida e convidativa, dando um aspecto mais “super-heroico”, além de incluir a Mística, agora vivida pela Jennifer Lawrence, como um núcleo principal e o elo entre os dois expoentes da causa mutante, chegando até mesmo a protagonizar diversas situações.


Em 2013, o sexto filme da saga mutante recebe o título de The Wolverine e traz novamente um arco solo do personagem, dessa vez pelo Japão, mostrando um lado atormentado após os eventos de X-Men: Confronto Final (2006).



E no ano de 2014 que o mais controverso e confuso filme da saga chega ao cinema: X-Men - Days of Future Past tenta adaptar um dos mais importantes arcos das histórias em quadrinhos, mas falha em um roteiro extremamente mal planejado. O filme, embora reúna os antigos e novos atores que vivem Magneto e Professor X,  tem um rigor técnico evoluído, porém não consegue mascarar o quanto eles queriam apenas reformular a saga o mais rápido possível, sem desconsiderar totalmente o que havia sido feito. Novamente, Wolverine é uma peça fundamental, mas seu protagonismo é bem divido com a Mística


A nova fase dos mutantes no cinema traz um elenco mais jovem para viver os mutantes e desfoca do protagonismo de Wolverine, que já não aparece mais. Há agora Sophie Turner vivendo a jovem Jean Grey e Evan Peters vivendo o veloz Mercúrio. Para uma forte estreia, foi escolhido um arco destaque. Em 2016, o novo filme dos X-Men trouxe a saga do Apocalypse como o tema da trama, o que gerou muita expectativa no público. Infelizmente, houve muita decepção, pois o longa teve dificuldade em criar uma história que fluísse de forma coesa. Uma segunda tentativa ocorreu em 2019, ao tentarem adaptar mais um grande arco dos quadrinhos que já havia falhado no cinema em 2006. Dark Phoenix trouxe uma grande esperança de mudança no andamento da saga ao explorar os eventos de explosão de poderes de Jean Grey, porém o plot principal ficou a desejar, e nem a morte de Mística conseguiu impactar a audiência. 

X-Men: Apocalypse (2016)

Dark Phoenix (2019)
Entre esses anos, Hugh Jackman se despediu de Wolverine em um filme intitulado Logan (2017). Embora também apresentasse erros graves na história, foi elogiado pela crítica devido à direção do filme. A despedida do tão amado personagem mostrou seu lado mais selvagem e mais íntimo possível, conseguindo conciliar o drama com a ação de uma forma muito bem elaborada.


 Veremos os Mutantes Novamente? 

Acredito que os X-Men trazem uma representatividade que gera um sentimento de pertencimento diferentes dos demais núcleos da Marvel, por essa razão, nunca saberemos se uma nova reformulação está nos planos. Mas sempre podemos voltar no tempo e consumir novamente as diversas histórias em quadrinhos, assistir de novo aos filmes e as séries animadas que tanto nos marcaram e que, embora criticadas, nos fazem sentir bem. Os Mutantes são eternos e como o Stan Lee sempre pensou: Eles têm muito potencial.


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