Crítica | O Diabo de Cada Dia - Sem Spoilers



O novo filme da Netflix, O Diabo de Cada Dia, em inglês The Devil All The Time (em tradução livre: O Diabo o Tempo Todo); chegou no streaming, no dia 16, e está dando o que falar. O filme vem recebendo críticas positivas de público e da própria crítica especializada e, e eles estão certos!

O longa-metragem de suspense é realmente intrigante e te faz questionar sobre alguns valores pessoais que carregamos conosco como a religião, os tipos de relações que desenvolvemos e se tudo isso é algo natural.

A logline (breve resumo para declarar conflito principal da história) da própria Netflix define tudo o que você verá na trama: "Em um lugar tomado por corrupção e violência, um jovem enfrenta figuras sinistras para proteger quem ama".

A narrativa é consistente e bem estruturada, e nada está ali por acaso. A impressão é que não há uma cena em que não devemos nos importar. O alerta que deixo é: não descarte nenhuma teoria e nenhuma possibilidade, pois o filme está ativo o tempo todo. Às vezes, pode parecer que o filme está lento e nada acontece, mas não se deixe enganar achando ser falha do roteiro, tudo é proposital e importante.

É incrível como neste filme, todos os personagens tem bons arcos e grande fundamento na história, sejam centrais ou não, tendo seu momento de destaque. Diria que o roteiro dos "meios" brasileiros, Antônio Campos e Paulo Campos, baseado no livro de Donald Ray Pollock, é de longe o melhor elemento do filme, mas sou suspeito pra dizer.

Claro, o roteiro é bom, não é nada tão espetacular e plausível. Mas sua narrativa impressiona por esses aspectos. O destaque maior vai para personagens e o ritmo. Os diálogos não são exagerados e conversa bem com as ações que se mostra ativa mesmo com os cortes e transições.

Aliás, algo que não chegou a me incomodar, mas pode parecer estranho, foi a edição que se mostrou instável relembrando cenas e alguns pontos que poderiam seguir sem repetir. Pode ser difícil o espectador não se recordar do que houve, porque a narrativa não demora para mostrar o que ela realmente quer desenvolver.

As atuações não deixam à desejar, e eu poderia destacar todo o elenco, até a mais "fraca" não atrapalha o ritmo do filme, como por exemplo, Mia Wasikowska, que tem uma personagem não tão presente, mas entrega o que é proposto.

E o restante do elenco vai muito bem. Os mais conhecidos, como Sebastian Stan e Eliza Scanlen, entregam o que o roteiro permite, pois há um limite em seus personagens. Já os destaques vão para Bill Skarsgård, Robert Pattinson e para o protagonista Tom Holland.

Não é surpresa para ninguém que esses novos queridos de Hollywood atuam absurdamente bem. Se Pattinson queria se livrar do estigma de interpretar vampiro Edward Cullen em Crepúsculo, conseguiu e não é de hoje. Ele já mostrou ter um potencial incrível para personagens dramáticos, o que o ajudará muito para interpretar The Batman.

Skarsgård está num papel que lhe exige algo dramático, mas apesar de todos terem esse formato, ele parece ser um dos mais preocupados em entregar sua melhor e pior dor e performance para o papel.

E Holland... O prodígio da Marvel também mostra que não é apenas o amigão da vizinhança, e que sabe mostrar frieza, violência e rancores, mas sem maldade intencional, apenas quando preciso. E mostra uma sensibilidade que pode não ser algo que o personagem já tinha em seu perfil, mas sim que o próprio ator quis entregar para causar um impacto maior.

A direção, também de Antônio Campos, é simples e não abusa das lentes das câmeras e nem da narrativa, que poderia mexer um pouco mais com o lado "thriller" que aparenta prometer, mas prefere algo discreto. O que é bom, pois o foco da corrupção e violência poderia se perder se resolvessem usar jumpscares (técnica utilizada para surpreender o público e assustá-los) que seriam completamente descartáveis.

A fotografia e o figurino não chama a atenção, mas cumpre sua função em ajudar a narrar, e completar características. A trilha sonora é o elemento mais decepcionante, pois às vezes você se esquece que está vendo um "suspense", e foca somente no drama.

O diabo está presente o tempo todo? Sim, mas indiretamente, nas ações dos personagens. "Arrisco" dizer que o diabo são quase todos os personagens masculinos. E aqui não usa como algo ofensivo aos homens, e "vitimizar" a imagem feminina, mas sim, segue um contexto narrativo clássico em que as mulheres são puras, devotas à Deus e rezam pela alma de seus maridos cruéis.

Por outro lado ,esses homens cruéis usam e abusam de falar sobre Deus e dizer que Sua presença está com eles, mesmo cometendo barbaridades que, voltando ao início do texto, te faz questionar sobre a religião. 

Você se diz temente à Deus e prega Seu nome e Sua palavra, mas e se seus atos fosse uma obra do diabo que habita em você ou está ao seu lado? Essa pode ser uma das perguntas que te fará refletir.

O filme fala sobre fé e seus lados. Os pontos de vista de cada um. Acreditar ou não acreditar? E o mais interessante é que aqui, acontece o inverso (que não é algo irreal), às vezes Deus pode estar mais próximo de alguém que está calado do que de alguém que diz tanto seu nome em vão.

O filme está disponível na Netflix e se encontra na primeira posição do TOP 10 do streaming. Pegue pipoca e bebida, apague as luzes, use o banheiro, já que são 2h18 de duração, e divirta-se com este filme que surpreende na narrativa e enaltece o elenco.

E para aqueles que já assistiram, o que acharam do filme? Concordam com esta crítica? Não deixem de comentar!

Revisado por Thai Santos


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