Dia Nacional da Ciência e Tecnologia


No Brasil, outubro é o Mês Nacional da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Para comemorar, todo ano é realizada a Semana Nacional da Ciência e Tecnologia, que chega à sua 17ª edição em 2020.


O tema do evento, que será de 16 a 19 de outubro, é Inteligência Artificial. Palestras e minicursos estão disponíveis no site e no canal do youtube. Além do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, órgãos como Agência Espacial Brasileira, INPE e CNPEM estão vinculados à iniciativa.

Mas o que comemora o Dia Nacional da Ciência e Tecnologia? Por que ele é necessário? Faremos uma análise das inovações científicas que mudaram o mundo e como é feita a pesquisa científica no Brasil.


Comemoração pelo mundo

Mundo afora, a Ciência é comemorada em datas diversas. A ONU instituiu 10 de novembro como o “Dia Mundial da Ciência pela Paz e pelo Desenvolvimento”. Recomendada na Conferência Científica Mundial de Budapeste, em 1999, a data foi criada para conscientização da relação entre a Ciência e a Sociedade.

Na Argentina, o Dia da Ciência e Tecnologia é celebrado em 10 de abril, data de nascimento do Dr. Bernardo Houssay, primeiro argentino e latino-americano premiado pelo Nobel de Medicina em 1947.

Na Índia, a comemoração ocorre em 28 de fevereiro, data na qual o físico indiano Sir CV Raman descobriu o chamado “Efeito Raman”. O cientista recebeu o Nobel de Física em 1930.


Premiação do Nobel de Física em 1930, com o ganhador CV Raman à esquerda (Distribuição: EdexLive)


Invenções que mudaram o mundo


Ciência é definida como um sistema de conhecimentos formulados metódica e racionalmente, obtidas e testadas através do método científico, ou seja, adquiridos por observação, identificação, pesquisa e explicação de fenômenos e fatos.

Tecnologia (do grego τεχνη — “ofício” e λογια — “estudo”) é um termo que envolve o conhecimento específico de uma determinada área, é o estudo sistemático sobre técnicas, processos, métodos, meios e instrumentos de um ou mais ofícios da atividade humana. Ambas sempre estiveram muito próximas, pois a ciência analisa a natureza utilizando o método científico, enquanto a tecnologia, aplica o conhecimento científico para conseguir um resultado prático. Uma entende o mundo e o interpreta a fim de que a outra coloque em prática.

Para demonstrar a importância da Ciência e da Tecnologia, listamos algumas das várias invenções que moldaram a realidade humana.

Bússola: Este instrumento de navegação ajudou, e muito, na exploração humana. As primeiras bússolas eram feitas de pedras com propriedades magnéticas na China, entre 300 e 200 a.C.

Papel: Criado em 100 a.C., na China, o papel é indispensável e foi um marco no registro de informação. Com ele, ficou mais fácil armazenar dados e transmitir conhecimento ao longo das gerações.

Pólvora: Este explosivo químico possui origem na China no século IX. Existem dois tipos de pólvora: a negra e a sem fumo. Atualmente, a pólvora sem fumo é a mais utilizada nas munições. Já a pólvora negra é usada em fogos de artifício.

Eletricidade: O início das pesquisas se iniciou no Egito Antigo e na Grécia Antiga, com Tales de Mileto, filósofo, matemático e engenheiro que conduziu as primeiras pesquisas sobre eletricidade. Mas foi Benjamin Franklin, no século XVIII, que recebeu crédito pelas suas experiências com raios de tempestades, ao demonstrar que eles são um fenómeno de natureza elétrica. A invenção da lâmpada elétrica foi um divisor de águas no século XIX.

Motor a Vapor: Inventado entre 1736 e 1775 por James Watt, o motor a vapor estava presente em comboios, navios, fábricas e foi uma das invenções que impulsionou a Revolução Industrial como um todo.

Vacinação: A vacinação já erradicou doenças e estendeu a expectativa média de vida dos seres humanos. A primeira vacina, contra a varíola, foi criada por Edward Jenner em 1796.

Telefone: Alexander Graham Bell foi o primeiro a patentear a invenção do telefone elétrico em 1876, dando origem a um novo modelo de comunicação interpessoal instantânea.

Penicilina (Antibiótico): A penicilina foi descoberta pelo escocês Alexander Fleming em 1928, e esse remédio foi um divisor de águas na medicina moderna e na expectativa de vida. A era dos antibióticos deu início ao tratamento de diversas doenças cuja taxa de óbitos eram muito grandes.

Fissão Nuclear: O processo de separação dos átomos para liberar energia levou à criação de reatores nucleares e bombas atómicas. Mesmo com diversos estudos, a descoberta costuma ser creditada aos alemães Otto Hahn e Fritz Strassmann, com colaboração dos austríacos Lise Meitner e Otto Frisch.

Internet: A Internet, da forma que a conhecemos hoje, popularizou-se na década de 1990, com a criação da World Wide Web (WWW), por Tim Berners-Lee. A Internet é o meio de comunicação mais amplo. É responsável por tornar o planeta interconectado e com informações mais rápidas e constantes.


Áreas do conhecimento


A CAPES, Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior é vinculada ao Ministério da Educação no Brasil, e é responsável pelos programas de pós-graduação strictu sensu do país, isto é, mestrado e doutorado. Ela é uma das principais responsáveis por ceder bolsas aos pós-graduandos, para que eles possam se dedicar à pesquisa científica em tempo integral. O órgão repassa os valores para as instituições, que repassam aos alunos. Ela divide as principais áreas do conhecimento em:

Ciências Exatas e da Terra: Matemática, Probabilidade e Estatística, Ciência da Computação, Astronomia, Física, Química, Geociências, Oceanografia

Ciências Biológicas: Biologia geral, Genética, Botânica, Zoologia, Ecologia, Morfologia, Fisiologia, Bioquímica, Biofísica, Farmacologia, Imunologia, Microbiologia, Parasitologia. 

Engenharias: Civil, Minas, Materiais e Metalúrgica, Elétrica, Mecânica, Química, Sanitária, Nuclear, Transportes, Naval e Oceânica, Aeroespacial, Biomédica. 

Ciências da Saúde: Medicina, Odontologia, Farmácia, Enfermagem, Nutrição, Saúde coletiva, Fonoaudiologia, Fisioterapia e Terapia Ocupacional, Educação Física. 

Ciências Agrárias: Agronomia, Recursos Florestais e Engenharia Florestal, Engenharia Agrícola, Zootecnologia, Medicina Veterinária, Recursos Pesqueiros e Engenharia de Pesca, Ciência e Tecnologia de Alimentos.

Ciências Sociais Aplicadas: Direito, Administração, Economia, Arquitetura e Urbanismo, Planejamento Urbano e Regional, Demografia, Ciência da Informação, Museologia, Comunicação, Serviço Social, Economia Doméstica, Desenho Industrial e Turismo.

Ciências Humanas: Filosofia, Sociologia, Antropologia, Arqueologia, História, Geografia, Psicologia, Educação, Ciência Política, Tecnologia.

Linguística, Letras e Artes

Dentro de cada área de conhecimento, existem as sub-áreas do conhecimento. Para ver mais detalhes de outras disciplinas e profissões e saber onde exatamente o seu curso poderia se encaixar, caso não tenha sido listado acima, clique AQUI. O CNPQ, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico também divide as disciplinas e profissões em grandes áreas do conhecimento, e apesar de possuir grandes semelhanças com a da CAPES, tem algumas divergências. Clique AQUI para conferir a tabela.

Cientistas brasileiros e pesquisa no Brasil

De acordo com Bente "nenhuma nação consegue evoluir sem pesquisa científica", e é a partir da investigação de processos de transformação que o conhecimento é construído. Em um censo realizado em 2016 pelo CNPQ, existiam 531 instituições de ensino que registraram 37.640 grupos de pesquisa, tendo ao todo 199.566 pesquisadores e desses 129.929 com doutorado.

Os números impressionam, e em comparação com 2014, o Brasil teve aumento de 11% nos números de pesquisadores em atuação. Infelizmente, os recursos necessários para os cientistas foi diminuindo, sendo em torno de 50% menor em relação a 2014, ou seja, de R$ 8,943 bilhões para R$ 4,597 bilhões em 2016. Para Ciência e Tecnologia, o orçamento previsto de 2018 chegou a ser R$ 1,4 bilhão.

Para se tornar pesquisador científico no Brasil, existem vários caminhos e não existe uma faculdade específica para isso. Alunos que estejam cursando qualquer faculdade podem procurar saber mais sobre a Iniciação Científica, programa que visa fazer o estudante ter o primeiro contato com a pesquisa científica, onde desenvolve pesquisas junto a um orientador e pode ter os contatos iniciais com grupos de pesquisa. O próximo passo seria seguir para cursos de pós-graduação Stricto Sensu, que consiste em Mestrado e Doutorado. Dessa forma, é possível estar mais próximo dessa comunidade científica produzindo e publicando artigos, participando de congressos e mantendo um diálogo com outros pesquisadores. Para saber mais sobre o processo seletivo de um mestrado ou entender um pouco mais sobre esses caminhos, clique AQUI.

Perguntamos a alguns pesquisadores o que eles acham sobre a pesquisa científica, o que mais gostam, o que estudam e como chegaram nesse universo. Confira alguns relatos, incluindo os comentários dos pesquisadores da Revista Jovem Geek:

Desde pequena, eu sempre tive essa vontade de dar aulas ou de ser cientista. Não sabia se era possível conciliar os dois, e no meio de tantas profissões que fiquei na dúvida durante o ensino médio, pensei em astronomia por muito tempo. Pesquisar sobre o céu, as estrelas? Uau. Mas eu vi que era muito difícil conseguir seguir ali, cursos de graduação de astronomia só tinha uns três no Brasil. Um outro caminho que falavam era física, só que acabei me voltando para a área de negócios mesmo. Cursei Administração e realmente sou apaixonada por estudar organizações, porém se me perguntassem se era possível ser pesquisador nessa área, até alguns anos atrás eu diria que não. Já estava certa de que seguiria carreira em alguma empresa, pensando nas possibilidades. Enquanto trabalhava, já nos meus anos da faculdade, decidi fazer Iniciação Científica. Não tinha bolsa na minha instituição, e como eu trabalhava nem me importava muito com isso. Comecei a ler artigos, e mesmo sem entender muita coisa, era incrível. Lia nos horários de almoço, no transporte, na madrugada, nos finais de semana. Foi o primeiro contato que tive com escrita acadêmica, e por mais difícil que fosse, me marcou demais quando eu pegava o trabalho pronto, impresso e olhava pra ele. E aí, eu coloquei na minha cabeça que queria fazer mestrado. Achava que sabia o que queria, e devo admitir que entrei em um mundo mais incrível do que pensei antes. Faço pesquisas sobre os consumidores. - Thainá Santos.


Eu sempre sonhei em ser cientista, montar experiências e testes, desde pequeno sempre fui muito ligado à natureza, saúde e com o tempo isso foi se aprimorando, tinha alguns receios por vir de uma família sem dinheiro, mas sempre fui bem motivado a nunca desistir. No ensino médio mesmo entre tantas opções a carreira científica dentre a biologia e a medicina foram meus alvos, foi então que descobri a Biomedicina e simplesmente me apaixonei pelas áreas, tive a oportunidade de fazer iniciação científica e trabalhar com pacientes, foi neste instante que vi que era isso que eu queria mesmo, pesquisar, gerar avanços, entender doenças. Este primeiro contato que tive com escrita acadêmica, escrevendo meu trabalho, me marcou, pois eu poderia ensinar através dele, poderia gerar novas respostas ou até mesmo dúvidas. Me formei, fiz mestrado e atualmente estou cursando o doutorado, sou professor e atuo com pesquisas microbiológicas (estudos de vírus, fungos, bactérias, etc) e não me arrependo em nenhum instante de ter escolhido a ciência é um universo incrível. - Kaique Cesar.

Matéria especial elaborada por Débora Lopes, Kaique Cesar e Thainá Santos.

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