Olá, leitores da Revista Jovem Geek, como estão?
Cá estou eu trazendo mais um episódio do nosso “Fatos e Curiosidades”, dessa vez, aproveitando que na última semana foi o Dia do Escritor, por que não falar mais um pouco sobre os escritores e a literatura brasileira? Esse será o nosso tema de hoje!
Confesso que terão algumas coisinhas que vão até lembrar a aula de literatura, tentarei ser o mais breve nelas para não deixar chato, mas tenho certeza que vão gostar.
O início, junto com a colonização
Quando se fala de literatura, um pouco de história acaba envolvida junto. E não é diferente por aqui, a história da nossa literatura se inicia com a chegada dos portugueses nas terras que chamaram de Brasil e que foi colônia por alguns séculos.
O primeiro registro de algo escrito no Brasil foi a carta de Pero Vaz de Caminha em 1500. E nesses primeiros séculos, a nossa literatura seguiu uma linha muito parecida, para não dizer igual, à literatura portuguesa, porque as ideias eram basicamente as mesmas.
Essa era é chamada de Era Colonial e as Escolas literárias dela - que é como chamamos cada fase literária - foram as seguintes:
- Quinhentismo - do decorrer do século XVI;
- Barroco - período de 1601 a 1768;
- Arcadismo - período 1768 a 1808.
Nossas próprias escolas literárias
Um período de transição se iniciou entre 1808 até 1836, ironicamente foi quando a Corte Portuguesa veio para cá. Pouco depois, em 1816, houve a chegada da Missão Artística Francesa que foi contratada por D. João VI.
Essa era é a Era Nacional - que dura até hoje - e foi a partir daí que a literatura nacional começou a ter a sua imagem própria, falando sobre os problemas daqui e sobre nossas próprias nuances. E suas Escolas Literárias são as seguintes:
- Romantismo: período de 1836 a 1881, divida em três gerações;
- Realismo: Se inicia em 1881 com a publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas, ocorrendo em paralelo como Naturalismo e o Parnasianismo;
- Naturalismo: Início em 1881 com a publicação da obra O Mulato, acontecendo em paralelo com o Realismo e o Parnasianismo;
- Parnasianismo: Começa em 1882 com a publicação da obra Fanfarras, existindo paralelamente com o Realismo e Naturalismo;
- Simbolismo: Período de 1893 até o início do século XX;
- Pré-Modernismo: Período de transição entre o Simbolismo e Modernismo;
- Modernismo: Início em 1922 na Semana de Arte Moderna, durou até 1945;
- Pós-modernismo: de 1945 até hoje.
O valor da literatura brasileira no mundo
Apesar de muitos menosprezarem a nossa literatura, ela consegue sim o seu espaço internacionalmente, principalmente nos outros países que falam português, porém em outros locais também.
Um grande exemplo de livro e autor brasileiro popular internacionalmente é Paulo Coelho, cujo livro O Alquimista entrou para o Guinness Book (Livro dos Recordes) como a obra que mais foi traduzida, para cerca de 69 idiomas. E este livro também está na lista dos mais vendidos da história, passando das 100 milhões de cópias.
Muitos autores atuais também estão quebrando barreiras e mostrando o valor da literatura brasileira, como Bernardo Carvalho, sua obra Nove Noites foi lançada em 11 países; Patrícia Melo, com Elogio da Mentira chegando em 20 países; Eduardo Spohr com sua obra A Batalha do Apocalipse; Daniel Galera com o livro Mãos de Cavalo.
Até a autora Thalita Rebouças, famosa por seus livros de temática adolescente, teve suas obras publicadas em Portugal.
Outros exemplos de autores que são bastante conhecidos e lidos no exterior são: Machado de Assis - que é bastante estudado nas universidade portuguesas; Clarice Lispector; Guimarães Rosa; Jorge Amado; Graciliano Ramos; Milton Hatoum; Érico Veríssimo; Carlos Drummond de Andrade; Rubem Fonseca; Owald de Andrade e Mário de Andrade.
Autores Brasileiros indicados ao Nobel
Apesar de nenhum escritor brasileiro ter recebido um Prêmio Nobel de Literatura, isso não significa que nunca estivemos na lista de indicados. Alguns dos nossos escritores já estiverem bem perto de conquistar um dos maiores prêmios mundiais.
Carlos Drummond de Andrade foi indicado em 1967. Jorge Amado em 1967 e 1968. Érico Veríssimo em 1968.
E temos indicações de bem antes disso, como a do autor Coelho Neto, que ficou bem perto de conquistar o Nobel de 1933.
E há outros nomes desconhecidos para nós nessa lista, como Alceu Amoroso Lima (indicado em 1965) e Flávio de Carvalho (indicado em 1939).
E não temos como saber se mais autores - inclusive os contemporâneos - foram indicados, pois a lista de indicados só é liberada após 50 anos da entrega do prêmio.
Coisas que provavelmente você não sabia
Machado de Assis era Negro
Um dos maiores escritores brasileiros sofreu do "white washing". Machado de Assis acabou sendo retratado como branco em muitas aparições, tendo em vista que na época em que viveu a fotografia era algo novo, caro e sem cores até então. Até tempos recentes, o autor foi conhecido através de outra imagem. Apenas no ano passado, durante a campanha "Machado de Assis Real", em que alunos da Faculdade Zumbi dos Palmares coloriram a famosa foto de Machado, mostrando assim sua real aparência, tratando-se de “errata histórica feita para impedir que o racismo na literatura seja perpetuado”.
A primeira publicação de uma mulher
O primeiro livro publicado por uma mulher foi o "Direito das Mulheres Injustiça dos Homens" de Nísia Floresta Brasileira Augusto, no século 19.
A autora nasceu no Rio Grande do Norte e com 14 anos - tendo casado aos 13 - fugiu do marido e retornou à casa dos pais, que logo se mudaram para Pernambuco.
Ela foi uma das primeiras feministas do Brasil e teve papel fundamental no movimento por aqui. Suas obras falavam sobre o machismo na sociedade e ela também escrevia sobre índios e negros com uma visão empática e humanista, não os tratando como heróis, mas sim como as vítimas da exploração colonial que ocorria na época.
O Verbo Brochar
Algumas palavras têm uma origem engraçada e esta é uma delas.
Os primeiros livros eróticos brasileiros, que batizaram de Romances para homens, e por não serem indicados para o público feminino, eram impressos em formato de brochura - aquele com a capa mais mole.
A história que se conta é que um leitor, enquanto lia um romance desse gênero, observou a encadernação e associou o formato com o órgão sexual masculino. E foi assim que surgiram as associações que conhecemos como a palavra "brochar".
Autores Contemporâneos Brasileiros
E os nossos autores de agora? Muitos deles foram até citados nessa postagem, mas existem vários outros.
Na verdade, depois do fortalecimento da internet e a democratização da informação - conforme falamos no Fatos sobre as Fanfics -, diversos escritores que nunca teriam uma chance uns anos atrás, atualmente se auto publicam e divulgam por si só seus livros.
Com o surgimento também de vertentes literárias, como a literatura indígena - que saiu nos anos 90 -, a negra - que tomou bastante força nos últimos anos - e a LGBT - que traz cada vez mais histórias com diversidade. Não dá para citar todas, mas cada grupo de minoria agora tem o seu espaço na literatura.
Basta uma boa pesquisada nas redes sociais e você vai encontrar um obra que tenha a ver com você, que fale de alguma forma sobre uma vivência sua. E claro, os autores se tornaram bem mais acessíveis aos seu leitores, tanto no virtual quanto nos já conhecidos eventos - como as feiras e a Bienal do Livro. Alguns exemplos de autores contemporâneos são - fica como uma pequena lista de divulgação (porque são autores que alguns conheço pessoalmente e sigo outros nas redes sociais): Babi Dewet, Clara Alves, Luciane Rangel, Vitor Martins, Juan Jullian, Juliana Leite, Thati Machado, Thammy Luciano, Denise Flaibam, Adrielli Almeida, Bia Carvalho, Iris Figueiredo, Thainah Magalhães e Larissa Siriani.
O valor do livro no Brasil
Poucos meses atrás aconteceu a polêmica do projeto de lei que o governo federal queria implementar sobre o mercado editorial, que era cobrar uma taxa de contribuição para os livros. Basicamente um imposto sobre os livros, o valor estimado era de 12%.
Autores e leitores entraram em campanha nas redes sociais para pedir que essa taxação não acontecesse, pois o livro já é um produto caro e este imposto a mais ia deixá-lo mais ainda.
Mas, o que se leva em conta para colocar o preço em um livro? No caso de um livro publicado por uma editora, as porcentagens no valor final são mais ou menos como mostrado nesta matéria do G1:
- 10% de direitos autorais: valor pago aos autores pela obra;
- 5% de custos editoriais: revisão, projeto gráfico, ilustração, capa, tradução e copidesque (nos casos de obras internacionais);
- 10% de custos industriais: papel, impressão e embalagem;
- 15% de despesas administrativas: salários, marketing e divulgação, logística e eventos;
- 5% de reserva para perdas diversas: estoque, adiantamentos de direitos autorais e contas a receber;
- 5% de lucro para a editora;
- 50% de margem para livrarias ou distribuidores.
Esses valores podem variam bastante dependendo da tiragem, do tamanho do livro, do custo dos outros serviços e até qual será a forma de encadernação.
A média de exemplares de uma tiragem varia entre 3 mil e 5 mil, o que é uma média menor do que nos outros países.
Só quem é leitor e autor sabe o quão caro é produzir um livro, porque envolve muitas etapas e várias pessoas nesses processos e tudo isso é colocado no preço final.
Por fim, a proposta do governo foi deixada de lado, mas isso ainda deixa em aberto a discussão sobre o custo dos livros.
Bem, pessoal, é isto! Gostaram de conhecer mais um pouquinho da nossa literatura?
Fontes: Português.com.br / Toda Matéria / Estante Virtual / Super Interessante / Recorte Lírico / Guia do Estudante / G1 /
Postar um comentário