Divulgação
O
anime “Ranking of Kings” é baseado no mangá criado por Sousuke Touka, e publicado
em 2017. O desenho e o tipo de animação podem enganar a um telespectador
apressado, fazendo-o acreditar que se trata de uma série infantil, quando na
verdade a mesma apresenta temas e momentos que podem causar medo a crianças. Até
o momento a avaliação de “Ranking of Kings” no IMDb é de 8,6, enquanto no
Rotten Tomatoes temos 88%.
Qualquer
semelhança com a nossa sociedade não é mera coincidência nessa série
impressionante. Ranking of Kings nos apresenta o príncipe Bojji, que nem de
longe nos remete a realeza como se esperaria nos padrões convencionais. Os
próprios posters da série causam curiosidade ao apresentar um bebê quase sem
roupas, com uma coroa sentado em um trono.
Bojji
é surdo e mudo e é também o primeiro na linha de sucessão ao trono. Mesmo ao
ser tratado com desrespeito e indiferença, Bojjii tem em seu coração o desejo
de se tornar o maior rei do mundo, seguindo o desejo de seu pai, o rei. E é
nesse contexto que o preconceito impregna toda a trama. É dito pela rainha que
se o caminho para a coroação fosse meritocrático tudo seria mais justo, pois Bojji
não teria chance, não seria capaz de atender aos requisitos.
E como afirmou Denis Diderot “A ignorância não fica tão distante da verdade quanto o preconceito”, pois ao observarmos os feitos de Bojji tanto com espada como em decisões tomadas por seu coração, se percebe que o mérito está nele; sendo assim o que é dito sobre ele não representa a realidade, mas é estritamente fruto de preconceito por suas debilidades vistas como limitação para realizar feitos necessários a um rei. Feitos esses que ele parece atender melhor do que seu meio irmão, que perdeu inclusive uma luta entre os dois, até ser injustamente ajudado.
A atmosfera
preconceituosa incomoda o telespectador, visto que observamos as qualidades de Bojji
de perto e sabemos do que é capaz e o que pode fazer. Enquanto isso, as pessoas
que observam Bojji na trama não dão espaço para ver nada que possa vir dele,
além do que ele parece ser em suas mentes devido às suas diferenças. Todos
esses olhares que acreditam estar mais que certos sobre seus pontos de vista
jogados sobre Bojji, podem parecer em um primeiro momento nem sequer percebidos
por ele, mas isso se mostra um grande equívoco e de certa forma uma subestima
quanto a sua percepção. Uma vez que ele percebe todas as críticas e olhares
indiferentes, e zombadores que cortam seu coração.
Seu
coração quer apenas usar suas habilidades e evoluir para alcançar o que tanto
almeja e pode conquistar. Em meio a confrontos físicos, batalhas e tramas reais
ardilosas, essa luta com certeza é a maior que Bojji tem que travar em Ranking
of Kings. A luta contra sua própria mente para que não ouça o preconceito
alheio que o sobrecarrega e que o faz chorar escondido, a luta para lembrar e
acreditar no que sabe que pode fazer e no que alcança sempre por seu próprio
mérito através de todas as suas qualidades e habilidades.
Por Bojji
não poder falar, nos agoniamos ao ver pessoas que se aproveitam disso de certa
forma o “calando” frente a injustiças, mas as suas ações não podem ser caladas.
Suas qualidades e habilidades falam muito alto e nos ensinam que Bojji com suas
debilidades é que consegue enxergar além do que aparências mostram e vencer
obstáculos gigantescos. Enfrentar todas essas dificuldades, o preconceito e
lutar contra si mesmo para acreditar no que é, torna Bojji um personagem
incrível de forma que nem consigo escrever o melhor que gostaria sobre ele.
Apenas
assistindo a série se pode internalizar e se emocionar com esse personagem o
entendendo em suas nuances e lutas. A força é um conceito interessante, porque
Bojji, esse bebê de fraldas sentado em um trono é sem dúvidas o personagem mais
forte de Ranking of Kings. Uma série com um personagem surdo e mudo que
comunica mais que tantas outras, com olhares, com sentimento, com reflexão, com
empatia.
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