Crítica | Sandman da Netflix

 


Fonte: Neil Gaiman / Netflix

 

          Depois de adaptações que desagradaram vários fãs, muito se duvidou da capacidade de adaptação da Netflix, mas com Sandman o streaming mostra que há competência para nos contar histórias. Talvez a adaptação de Sandman seja uma evolução do que a Netflix fez com Death Note, uma boa ideia que deixa um gostinho amargo na boca. Porém, a qualidade de ambas é incomparável.

 

Uma boa série

Fonte: Netflix


A primeira coisa que se pode sentir ao olhar as cenas de Sandman é “wow que legal”, e talvez essa seja a sensação da série inteira. Ela é composta por uma fotografia legal, diálogos legais, atuações legais e história legal – Sandman faz tudo o que uma serie de quadrinhos pode fazer de “legal”. Porém, ao fazer (quase) tudo legal, Sandman parece uma série como qualquer outra. Entretanto, só parece mesmo, a obra tem altos e baixos bem diferenciados. É curioso como a serie tem um começo tão chato e, quatro episódios depois, traz um dos melhores 54 minutos de uma série de televisão.

          Sandman é como uma viagem – ela te causa uma ansiedade pra chegar logo, você chega e se deleita no momento, mas no fim é uma odisseia para acabar. Começando com um ritmo chato e diálogos igualmente genéricos, Sandman implora para que esses episódios iniciais passem logo. A série começa a expor tanta coisa de um modo tããão bobo, mas você nem liga porque é melhor que isso acabe logo mesmo. Mas logo logo ela vai melhorando, e do nada vira uma coisa sensacional.

          Exatamente no meio da série há um episódio que nem parece ser desse ambiente que Sandman criou, tudo muda nesse momento. Durante 54 minutos a série te traz discussões, sensações e percepções diferentes. O ritmo, diálogos, atuações, direção e fotografia mudam – do nada parece que desceu um dos próprios deuses da série pra te contar essa história. Esse episódio te alegra, te incomoda, te excita, te anseia... e no fim te traz... esperança?!?!. Esse episódio cinco de Sandman é o que salva toda a série, ele é um gostinho da maravilha que significa o universo e a arte Sandman. Mas isso infelizmente dura pouco.

          É muito engraçado que o episódio que sucede a maravilha dos 54 minutos anteriores, seja um grau que a história se encontra sem rumo. O protagonista LITERALMENTE diz que se sente perdido e sem propósito, o que até interessante, mas causa um sentimento de ressaca bem forte. Talvez esse seja o episódio que define o que a série é, ele não é o melhor ou pior, só é perdidinho mesmo...

          Bom, o ritmo de Sandman encaminha para um desfecho parecido com essa ressaca, uma execução que não passa muito de ser legal. O episódio bônus ilustra (literalmente) isso muito bem, ideias muito boas que chamam a atenção, mas que não passam só de conceitos que nunca realmente se tornam palpáveis. Esse episódio bônus de Sandman tanta aumentar o tamanho do universo, e do hype, que compõem a série. Mas parece que Sandman vai ter um futuro parecido com o que teve o filme de um certo palhaço – todo mundo achou maneiro e elogiou, até esquecerem totalmente um tempo depois.

 

Efeito Coringa

Fonte: Revista Bula


Apesar de um pouco decepcionante, Sandman tem um mérito e uma intenção muito semelhante ao filme do Coringa. Ambas são execuções boas e necessárias, mas que chegam a ser medíocres no que se propõem a ser. É animador ver o gênero de heróis sendo contado de um modo diferente, talvez até mais denso, mas ainda parece que tudo é um meio caminho andado.

           Se eu pudesse definir Sandman da Netflix em um adjetivo, ela seria: Legal.


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