Fuzuê Nerd - A Jornada do Herói Nacional

Super heróis nacionais e sua luta por reconhecimento na indústria do entretenimento  

Quadrinistas nacionais relatam o desafio de incorporar seus personagens ao universo nerd em ascensão.

 


Por Geovanna Carolina e Anna Clara L. Candido
 
Enquanto as grandes editoras de super-heróis lideram as bilheterias internacionais e nacionais, os personagens que protegem as cidades brasileiras em seus mundos fictícios lutam pelo mínimo do interesse e atenção do próprio povo. 
 
E é buscando mudar esse cenário que eventos como o Fuzuê Nerd e os quadrinistas Maurício Andres e Adalberto Bernadino trabalham a divulgação, produção e apoio aos quadrinhos e produções nerds independentes. 


Legenda: Quadrinistas e autores Maurício Andres e Adalberto Bernadino no evento Fuzuê Nerd  | Fonte: Original

Apesar da menor audiência entre os fãs de entretenimento, as histórias dos super-heróis brasileiros datam muito antes do que se é divulgado. Segunda a pesquisa publicada por Fernanda Campos Oliveira, o primeiro super-herói brasileiro foi apresentado em um seu próprio seriado transmitido pela TV Record (1954-1966) de São Paulo no dia  24 de outubro de 1954. 

 

Conhecido popularmente como Capitão 7, por causa do número referente a emissora, o personagem foi criado por Rubem Biáfora (1922-1996) e interpretado por Ayres Campos (1923 - 2003), que, por um tempo, era creditado a criação do super-herói por ser seu intérprete. 

 

O ator, no entanto, foi o responsável por muitas conquistas do herói, principalmente pelo licenciamento da história à editora Continental em outubro de 1959, que durou até 1968, tendo sido adaptada pelo diretor da Continental, Jayme Cortez e o desenhado por Júlio Shimamoto. 

 

O seriado foi cancelado dois anos depois da última edição ser lançada. Mesmo anos atrás os super-heróis tinham dificuldade em conquistar e se manter no mercado, muito mais do que hoje em dia que o tabu dos quadrinhos são apenas para crianças e o público jovem tem se quebrado aos poucos.


Legenda: Quadrinhos das história do Capitão 7 | Fonte: Reprodução



Entretanto, apenas os super personagens internacionais têm se beneficiado dessa abertura. Segundo Adalberto Bernardino, colecionador, divulgador e colunista do Art Cult, a principal diferença entre o mercado de super heróis norte americano e o brasileiro está na ausência de grandes editoras dispostas a investir nos autores e quadrinistas nacionais e do público em conhecer e valorizar as histórias.

 

“Diferente da mídia dos Estados Unidos, o caminho do super-herói brasileiro é um pouco mais árduo, principalmente nos tempos de hoje, quando a gente não tem grandes editoras por trás”. - Adalberto Bernardino

 

Essa característica do mercado faz com que cada vez mais produtores independentes precisem se bancar e vender seus quadrinhos em eventos nerds ou comunidades online. São em eventos como o Fuzuê Nerd que as histórias dos super heróis nacionais recebem uma oportunidade para conquistar mais público e criar o seu espaço. Assim, podemos ver que a jornada desses personagens é um processo invertido e que precisa de mais divulgação.

 



Legenda: espaço de eventos recreativos no bairro da Liberdade em São Paulo recebe novamente evento nerd depois de dois anos de pandemia | Fonte: Original


Mas uma nova era começa a despontar para os super heróis nacionais. Dois anos atrás, quando a pandemia do novo coronavírus teve início e o distanciamento social foi decretado, assim como o fim dos eventos presenciais, a principal fonte de divulgação dos quadrinistas nacionais e seus personagens fechou e esperou-se uma queda ainda maior no alcance de suas histórias. Mas não foi esse o caso.

 

Se por um lado os eventos presenciais foram cancelados durante a pandemia do novo corona vírus, por outros novos caminhos se abriram por meio da internet com a adaptação das grandes convenções para encontros online com desenhistas e artistas de todos os estados do país. Fazendo com que os eventos fossem mais acessíveis financeiramente e geograficamente e, assim, possibilitando um público maior e mais diversos, prontos para conhecerem e serem conquistados pelos super heróis brasileiros.

Foi assim que muitos artistas independentes, incluindo quadrinistas nacionais, passaram a divulgar suas histórias e personagens. Pois, ao tratar do mundo artístico na internet, as redes sociais são os principais e mais eficientes agentes de divulgação. Foi por meio de lives e grupos organizados no WhatsApp que autores como Maurício Andres e Adalberto Bernardino acharam alternativas para a difusão de suas histórias durante a pandemia. 

 

Pois o próprio algoritmo das plataformas digitais possibilita alcançar os usuários que consomem esse nicho específico da cultura geek, dando assim uma esperança para os quadrinistas de super-heróis brasileiros aumentarem sua divulgação na comunidade e no próprio país.


Legenda: O canal Grandes Heróis BR nasceu para fomentar, discutir e divulgar as histórias em quadrinhos de super-heróis nacionais Fonte: Reprodução


Atualmente, há a volta gradual desses eventos e publicações de quadrinhos devido à retomada das atividades presenciais na maior parte do país fez com que os encontros entre artistas e fãs fossem presenciais. Eventos como o Fuzuê Nerd, o Festival Internacional de Quadrinhos, a Comic Con Experience e a Bienal de Quadrinhos de Curitiba têm fomentado – e muito – a produção nacional.

 

O contato e o feedback com os novos e antigos leitores, que nos últimos dois anos tinha sido apenas online, pode fazer com que a volta da essência do trabalho artístico impulsione o movimento dos heróis nacionais na indústria do entretenimento. 

 

Se você quer conhecer mais sobre a produção de quadrinhos nacionais, ter contato com seus autores e se divertir comprando produtos nerds e geeks, compareça à segunda edição do Fuzuê Nerd! Vai ser dia 05 de novembro em São Paulo no Espaço Bunkyo, Liberdade! “Lembrai! Lembrai! O 5 de novembro”


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