Barbie - Crítica com Spoiler

 



Créditos: Alpha Coders

Se você veio em busca de spoilers, aqui você vai encontrar! Como prometido, hoje a crítica sobre a produção cinematográfica que dá início aos filmes do universo da Mattel, a análise detalhada de Barbie, está dividida em 3 seções: conflito, clímax e desfecho. 


Conflito: 


Créditos: Elle Canada


Como provavelmente muito de vocês já deve ter visto, lido ou ouvido na internet nos últimos dias, o principal assunto discutido na trama gira em torno do Patriarcado e de como o machismo é um empecilho que todas as mulheres, infelizmente, lidam no mundo real.


Mas como isso é inserido no filme? Bom, para responder essa pergunta, temos que voltar um pouco na ordem dos trailers e do filme. A trama começa mostrando para os espectadores como viver na Barbilândia é perfeito e não gente, não existem paredes a serem quebradas e a narradora oficial, sendo a inconfundível voz de Helen Mirren, deixa isso bem claro, literalmente. Na Barbilândia tudo possui uma ordem, é impecavelmente organizado e colorido em tons pastéis, e todos os dias, tudo acontece do mesmo jeito. É aqui também que vemos boa parte dos atores especiais, como a Dua Lipa, que infelizmente não tem muito tempo de tela. Em dois trailers, é possível ver a cena em que Barbie está dando uma festa em sua casa com uma coreografia ensaiada quando inesperadamente surge um pensamento fora do comum: “vocês já pensaram em morte?”, a Barbie estereotipada comenta fazendo com que todos os Kens e Barbies presentes na festa fiquem assustados. 


Créditos: Vulture

Quando Barbie percebe que falou o que não devia, ela diz que estava morrendo de vontade de dançar, mas o pensamento continuou ali. E assim, toda a trama começa, no dia seguinte, Barbie sentiu que já não estava tudo perfeito como deveria, acorda com bafo, com o cabelo bagunçado e os pés chatos! Sim, a boneca não está mais nas pontas dos pés, grande sinal que tudo já estava dando errado. Mas como? Barbie é literalmente perfeita e ela nunca havia apresentado defeitos. É aqui que percebemos que o universo da boneca mais famosa do mundo e o mundo real estão intimamente ligados. Todos na Barbilândia têm plena consciência disso. Tudo o que acontece no mundo real, de certa forma pode interferir na vida de um dos bonecos.


Créditos: NBC News

No caso da Barbie estereotipada, a humana dela, Glória, interpretada pela atriz America Ferrera que está arrasando na atuação, está passando por momentos difíceis e tendo pensamentos sobre morte, por isso essa questão se tornou um pensamento para boneca. Um ponto que não teve resposta foi que em nenhum momento houve uma preocupação com as humanas e perguntas como: “Será que a humana da Barbie pode estar enfrentando uma possível depressão e por isso ela pode ter tido esses pensamentos?” Bom, isso não foi respondido e acredito que teria muito interessante se eles tivessem tocado nesse assunto, mas com tanta informação acontecendo, acaba passando despercebido. A responsável por explicar essa relação entre humanos e bonecos para Barbie de Margot Robbie foi a Barbie estranha interpretada por Kate Mckinnon, que levou o seu humor e atuação inconfundível para as telas e nos garantiu boas reflexões e risadas. 




Clímax:


Créditos: Votiv Kino

Bom, agora Barbie precisa ir até o mundo real para resolver seus problemas e não ter mais o pé chato, celulites e os pensamentos sombrios (assuntos que renderam ÓTIMAS risadas no cinema). Antes de descobrir que a humana com quem realmente deveria falar era Glória, Barbie pensa que, na verdade, era a sua filha, a Sasha, interpretada por Ariana Greenblatt. A atriz fez um trabalho ótimo ao interpretar uma adolescente que luta por direitos feministas, mesmo interpretando uma adolescente aborrecida com a vida e que possui pouco laços com a mãe, a evolução dela foi muito bem trabalhada. Quando a personagem interpretada por Margot Robbie vai falar com Sasha, a jovem dá uma incrível lição de moral para a boneca. Sasha explica para ela que o mundo não se tornou um bom lugar e libertador para as mulheres como a Barbie havia pensado. 


E como esperado, Ken quer muito conquistar o coração de sua amada, então ele aparece de surpresa no carro de Barbie a caminho do mundo real. Precisamos falar da atuação de Ryan Gosling que foi muito bem arquitetada e posso dizer que ele se entregou ao humor bobo e em todas as danças perfeitamente. Ryan Gosling roubou as cenas e estava excelente!


Créditos: Estadão

Algo que eu admiro muito nessa parte do filme é como foi transmitido os problemas que as mulheres enfrentam de uma maneira leve e que os nossos desafios contra patriarcado não forma resolvidos pela Barbie e suas infinitas profissões. Durante o clímax, as principais premissas e momentos marcantes acontecem: Barbie descobre que, na verdade, muitas pessoas não gostam dela por criar um esteriótipo inalcançável para as mulheres, sente e tenta nomear as emoções que sentimos, tem um encontro adorável com a Barbará Handler, a menina que inspirou a criação de Barbie e a própria inventora da boneca. Nesse meio tempo de descobertas, Ken também fez as deles que infelizmente não foram nada boas, um ponto interessante é que ele conseguiu perceber que homens no mundo real tem muito mais poder e possuem um comportamento grosseiro no mundo real em questão de segundos, o que fez com que ele admirasse essa ação e despertou o seu interesse para aplicar na Barbilândia. Agora a bagunça já está feita e dois problemas precisam ser resolvidos: O patriarcado na Barbilândia e as mudanças na Barbie estereotipada. 



Desfecho:


Créditos: Just Jared


Na minha perspectiva, todos os atores estavam deslumbrantes durante todo o filme, incluindo Isa Rae, que interpreta a Barbie presidente e Michael Cera, que da vida ao melhor amigo de Ken, o Allan. Mas foi aqui que eles brilharam (literalmente, em vários momentos vemos glitter saindo dos personagens e eu achei muito fofo). América, que interpreta a humana dona da boneca da Barbie, consegue se reconectar com a sua filha e agora todas juntas precisam resolver a situação que Ken gerou na Barbilândia. Quando Barbie, Glória e sua filha Sasha chegam na Barbilândia elas reparam que muitas das Barbies que tinham posições e conquistas excelentes que haviam deixado de lado para dar atenção aos seus companheiros.



Créditos: Yahoo 


América Ferrera entregou tudo quando teve que fazer as Barbies acordarem do transe gerado pelo patriarcado, ela levou para as bonecas uma percepção admirável sobre como as mulheres do mundo real tem lutado há anos para conquistarem o seu espaço e terem direitos iguais, e que elas não podiam deixar o universo delas mudarem por um Ken. O final não poderia ter sido melhor, e não galera, a Barbie e o Ken não ficam juntos, mas eles viram bons amigos. Apesar de Ken amar muito Barbie, ele percebe mediante uma conversa com a boneca, que ele só sentia que precisava dela porque não sabia que realmente era. É galera, até a Barbie e Ken precisam passar pelo processo de autoconhecimento. 





Apesar do problema ter sido resolvido na Barbilândia, ainda temos muito trabalho a fazer no mundo real, e continuar lutando pela igualdade. Apesar de tudo, Barbie se questiona se ela realmente quer continuar sendo uma boneca e é quando Ruth Handler, a inventora da Barbie, a leva para uma caminhada e mostra como a vida é, foi um momento muito emocionante. Com certeza foi a parte mais adorável de todo o filme e que me fez lembrar muito de como a Barbie esteve presente em minha vida. E aí, será que alguém vai se emocionar também? Mas enfim, Barbie decide viver no nosso imperfeito universo, uma frase muito marcante de todo esse momento, foi a da atriz Rhea Perlman, a Ruth Handler. Ela diz: “Ser humano é desconfortável".


Na última cena, todos no cinema pensaram que Barbie estava a caminho de uma entrevista de emprego, mas, na verdade, ela estava indo para a sua primeira consulta no ginecologista. Até porque agora ela é um ser humano e não uma boneca da Mattel que não possui genitálias. O filme é uma grande recomendação, algo muto legal é ver as barbies que também deram errado. Inclusive, no final da trama, Glória da sugestão da Mattel de criar uma Barbie comum, será que vem lançamento por aí? 



Viver essa aventura foi para além de especial e não há nada melhor do que rir com diversas pessoas em uma sala de cinema! Mas é claro, nenhum filme é perfeito, mas apesar de tudo, essa produção é realmente boa por tocar em assuntos relevantes e merece a aclamação que está tendo. Acredito que muitas pessoas vão sair inspiradas das salas de cinema, bom filme!


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