Crítica | Ninguém Quer - E01S01

Nobody Wants This, traduzida para o português como Ninguém Quer é uma comédia romântica criada pela americana Erin Foster, que estreou na Netflix em 26 de setembro de 2024. A primeira temporada possui 10 episódios, com duração de cerca de 25 minutos cada, e teve diversas críticas positivas. No portal de avaliações Rotten Tomatoes, a série chegou a atingir 94% de aprovação..


Divulgação/Netflix
 

Os protagonistas da série são os atores Kristen Bell e Adam Brody, que fazem respectivamente o papel dos personagens Joanne e Noah. A premissa da série enfatiza a tentativa de um romance entre um rabino e uma mulher agnóstica ou seja, um relacionamento inter-religioso.

No primeiro episódio, somos apresentados a Joanne e sua família. Seus pais são divorciados, e sua irmã é sua colega de trabalho em um podcast que as duas estrelam. Neste podcast, as irmãs comentam sobre o dia a dia de suas vidas e suas experiências, principalmente no âmbito amoroso.

Joanne é uma personagem que consegue cativar com facilidade. Em poucos minutos de tela, a atriz nos convence de que vale a pena acompanhar a vida de Joanne. Na gravação de um dos episódios do podcast, ela e a irmã chegam a comentar sobre a dificuldade de se abrir para relacionamentos, e a facilidade de sair com caras emocionalmente indisponíveis. E sobre como isso é prejudicial. A protagonista insiste em sair em 'dates' com os piores caras possíveis, e é vista escapando do encontro em mais de uma ocasião.

Com a promessa de melhorar sua seleção, ela faz uma promessa a si mesma e a seu público ouvinte do podcast de que vai tentar se abrir mais emocionalmente para homens que valem a pena. O que ela não imaginava é que isso aconteceria  muito rápido com alguém tão diferente.

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Ela é convidada por uma de suas melhores amigas para um jantar em casa, e essa amiga diz que opções interessantes de homens para ela no evento: um rabino, um cara que trabalha com finanças e um pai divorciado. Quando ela chega ao jantar, vestindo um casaco bem chamativo, ela dá de cara com Noah, nosso outro protagonista. Ele estava em um relacionamento de longa data, mas acaba se separando por se sentir pressionado pela moça a casar, e por sentir que ela está querendo tomar decisões da vida conjugal dos dois por ele, sem o consultá-lo.

É impressionante como em um episódio piloto somos apresentados a tantas particularidades dos indivíduos que nos fazem refletir. Como uma mulher se sente quando está em um relacionamento de longa data com um cara? Para muitas, o destino final é o casamento. Mas isso é outra parte não quer? Ou talvez não queira com  essa mulher em específico, afinal, quantos de nós já não ouvimos histórias de homens que terminam um relacionamento por não quererem aprofundar a relação, mas que em pouco tempo aparece com outra? Será que a pessoa no fundo sente que não é para ser, mas continua o relacionamento por comodidade? Foi essa minha impressão inicial sobre Noah.

Assim que ele vê a personagem Joanne entrando no jantar, ele fica fascinado por ela, e vai puxar assunto. Neste momento, obviamente, ele já está solteiro, e admite para a Joanne que só foi convidado para o jantar porque é vizinho e mora perto da anfitriã, e ela ficou com pena dele, pois ele acabou de se separar.

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A química entre os dois personagens é instantânea. Os olhares, os sorrisos, as piadinhas entre eles e os momentos de silêncio em que os dois se encaravam me fizeram sentir como se eu estivesse vendo um casal de verdade, e Foi incrível ver essa interação entre os dois atores na tela.

O episódio é curto, quando você menos imagina já terminou, mas muita coisa acontece nesse pouco tempo em que estamos conhecendo os personagens e adentrando no enredo da história. Acontece que Noah é o rabino, fato que Joanne custou a acreditar quando descobriu. Para ela, um Rabino deveria ser alguém mais velho e com barba, e ela achou estranho um homem jovem e bonito, que está flertando com ela e até fumando ser um rabino.

Noah pergunta várias vezes se ela não é judia, se não tem algum parente que é judeu, nem que seja uma tia ou avó distante. Isso porque o judaísmo é uma religião, mas também é uma cultura, e se relacionar com alguém de fora da Comunidade Judaica pode ser um desafio. A própria Joanne, que é super desinibida, e chega até a falar de masturbação no seu podcast não é nem um pouco religiosa, e até pergunta a Noah se ele não poderia ser uma dessas pessoas que estão no meio religioso, mas que não se identificam com a religião. Não é o caso de Noah. Ele disse que é realmente religioso e que acredita em Deus, mas ele é um judeu. O conceito do que é ser um homem religioso e um líder religioso difere no judaísmo em relação a outras religiões.


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Em certo momento, Joanne chega a perguntar se um Rabino pode ter relações sexuais, pois um padre não poderia. Noah esclarece que sim, e inclusive é muito comum os rabinos serem casados e terem filhos.

É curioso essa troca de informações entre os personagens, e imagino que os próximos episódios devem seguir com isso. Diversas obras que contêm personagens judeus, seja em filmes ou séries, costumam ser muito caricatos. Existe um estereótipo sobre o que é ser judeu e sobre como um judeu deve ser, então Noah quebra esse padrão e nos apresenta algo além do que as pessoas pressupõem.

Foi muito legal ver a referência a algumas coisas tão comuns no judaísmo, mas que para muitas pessoas de fora pode ser uma novidade. Termino o primeiro episódio com apenas uma crítica: o uso do termo shiksa, que tem conotação negativa ao se referir a mulheres não judias. Eu dificilmente ouço essa palavra na Comunidade Judaica, e ela ser usada assim, na frente de todo mundo ali na Sinagoga me incomodou. Mas sigo ansiosa para assistir ao próximo episódio.

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